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FAECE - FEDERAÇÃO DOS AGENTES DE ENDEMIAS DO ESTADO DO CEARÁ





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MANUAIS DE CONTROLE DE ENDEMIAS

 

 

FAECE

 

DENGUE » Informações técnicas

 


1. Características gerais

Agente etiológico
É um vírus RNA. Arbovírus do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae. São conhecidos quatro sorotipos: DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4.

Reservatório
A fonte da infecção e reservatório vertebrado é o ser humano. Foi descrito, na Ásia e na África, um ciclo selvagem envolvendo macacos.

Vetores
São mosquitos do gênero Aedes. A espécie Ae. aegypti é a mais importante na transmissão da doença e também pode ser transmissora da febre amarela urbana. O Aedes albopictus, já presente nas Américas, com ampla dispersão em todas as regiões do Brasil, é o vetor de manutenção da dengue na Ásia, mas, até o momento, não foi associado à transmissão da dengue nas Américas.

 

2. Aspectos clínicos e laboratoriais

Manifestações clínicas
A infecção por dengue causa uma doença cujo espectro inclui desde formas oligo ou assintomáticasaté quadros com hemorragia e choque, podendo evoluir para o óbito.


Dengue clássico (DC) – a primeira manifestação é a febre alta (39° a 40°C), de início abrupto, seguida de cefaleia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, astenia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo. Hepatomegalia dolorosa pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. Alguns aspectos clínicos dependem da idade do paciente. Desse modo, dor abdominal
generalizada tem sido observada, mais frequentemente entre crianças, e manifestações hemorrágicas, como petéquias, epistaxe, gengivorragia, e metrorragia, têm sido relatadas mais frequentemente entre adultos, ao fim do período febril. A doença tem duração de 5 a 7 dias, mas o período de convalescença pode ser acompanhado de grande debilidade física, e prolongar-se por várias semanas.

Febre hemorrágica da dengue (FHD) – os sintomas iniciais são semelhantes aos do DC, porém há um agravamento do quadro, geralmente entre o 3º ou 4º dia de evolução, com aparecimento de manifestações hemorrágicas e colapso circulatório. A fragilidade capilar é evidenciada pela positividade da prova do laço. Outras manifestações hemorrágicas incluem petéquias, equimoses, epistaxe, gengivorragia, hemorragia em diversos órgãos (gastrintestinal, intracraniana, e hemorragia espontânea pelos locais de punção venosa. Nos casos graves de FHD, o choque geralmente ocorre entre o 3º e 7º dias de doença, geralmente precedido por dor abdominal. O choque é decorrente do aumento de permeabilidade vascular, seguida de extravasamento plasmático (evidenciado por hemoconcentração, derrames cavitários e hipoalbuminemia) e falência circulatória. É de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas ou à recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada. Caracteriza-se por pulso rápido e fraco, com diminuição da pressão de pulso e arterial, extremidades frias, pele pegajosa e agitação. Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade.


A prova do laço, que não pode ser realizada com garrote ou torniquete, consiste em se obter,
por meio do esfignomanômetro, o ponto médio entre a pressão arterial máxima e mínima
do paciente, mantendo-se essa pressão por 5 minutos (no adulto) e 3 minutos (na criança);
quando positiva, aparecem petéquias sob o aparelho ou abaixo do mesmo. Se o número de
petéquias for de 20 ou mais (em adultos) e 10 ou mais (em crianças), em um quadrado com
2,5cm de lado, a prova é considerada positiva.


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a definição de FHD é baseada em critérios clínicos e laboratoriais. Após o preenchimento desses critérios, os casos devem ser classificados quanto à gravidade de acordo com as categorias abaixo.

• Grau I – preenche todos os critérios de FHD, sendo que a única manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva;

• Grau II – preenche todos os critérios de FHD, com presença de manifestações hemorrágicas espontâneas (sangramentos de pele, petéquias, epistaxe, gengivorragia e outros);

• Grau III – preenche todos os critérios de FHD e apresenta colapso circulatório com pulso fraco e rápido, diminuição da pressão arterial ou hipotensão, pele pegajosa e fria e inquietação;

• Grau IV – preenche todos os critérios de FHD e apresenta choque profundo, com pressão arterial e pulso imperceptíveis.

Os graus III e IV também são chamados síndrome do choque da dengue (SCD).

 

Diagnóstico diferencial

Dengue clássico (DC) – a dengue tem um amplo espectro clínico, mas as principais doenças a serem consideradas no diagnóstico diferencial são: gripe, rubéola, sarampo e outras infecções virais, bacterianas e exantemáticas. Além das doenças citadas, outros agravos devem ser considerados de acordo com a situação epidemiológica da região.

Febre hemorrágica da dengue (FHD) – no início da fase febril, o diagnóstico diferencial deve ser feito com outras infecções virais e bacterianas e, a partir do 3º ou 4º dia, com choque endotóxico decorrente de infecção bacteriana ou meningococcemia. Outras doenças com as quais deve-se fazer o diagnóstico diferencial são: leptospirose, febre amarela, malária, hepatite infecciosa, influenza, bem como outras febres hemorrágicas transmitidas por mosquitos ou carrapatos.


Diagnóstico laboratorial

Exames específicos – pesquisa de anticorpos IgM por testes sorológicos (ELISA); pesquisa de vírus (tentativa de isolamento viral); pesquisa de genoma do vírus dengue (RT-PCR); pesquisa de antígeno NS1; ou ainda estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por imunohistoquímica.

Exames inespecíficos – hematócrito, contagem de plaquetas e dosagem de albumina são os mais importantes para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes com dengue, especialmente os que apresentarem sinais de alarme, sangramento, e para pacientes em situações especiais, como criança, gestante, idoso (>65 anos), portadores de hipertensão arterial, diabetes melitus, asma brônquica,
alergias, doença hematológica ou renal crônicas, doença severa do sistema cardiovascular, doença ácido-péptica ou doença auto-imune.


Tratamento

O tratamento baseia-se principalmente em hidratação adequada, levando em consideração o estadiamento (Grupo A, B, C e D) da doença, segundo os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, para decidir condutas, bem como o reconhecimento precoce dos sinais de alarme. É importante reconhecer precocemente os sinais de extravasamento plasmático para correção rápida com infusão de fluidos. Quanto ao tipo de unidade de saúde para o atendimento dos pacientes de dengue, deve-se levar em consideração o estadiamento da doença, seguindo as indicações a seguir:

• tratamento ambulatorial para os pacientes que se consultam durante as primeiras 48 horas e que NÃO apresentam sangramento e NEM sinal de alarme. Esses pacientes pertencem ao Grupo A;

• tratamento em unidade de saúde com leitos de observação para os pacientes que apresentam algum tipo de sangramento (espontâneo ou induzido). Esses pertencem ao Grupo B;

• tratamento em unidade hospitalar com leitos de internação para os pacientes que apresentam SINAIS DE ALARME. Esses pertencem ao Grupo C;

• tratamento em unidade hospitalar com leitos de UTI para pacientes que apresentem SINAIS DE CHOQUE. Esses pertencem ao Grupo D.
Deve-se manter avaliação clínica contínua de todos os pacientes hospitalizados, registrando sinais vitais, diurese, controle hídrico, assim como os SINAIS DE ALARME. Essa classificação determina as decisões clínicas, de laboratórios, de hospitalização e terapêutica, pois o paciente pode, durante a evolução da doença, passar de um grupo a outro, em curto tempo.

 

3. Aspectos epidemiológicos

Tem sido observado um padrão sazonal de incidência coincidente com o verão, devido à maior ocorrência de chuvas e ao aumento da temperatura nessa estação. É mais comum nos núcleos urbanos, onde é maior a quantidade de criadouros naturais ou resultantes da ação do ser humano. Entretanto, a doença pode ocorrer em qualquer localidade, desde que exista população humana suscetível, presença do vetor e o vírus seja introduzido.

• Nas Américas – a dengue tem sido relatada nas Américas há mais de 200 anos. Na década de 50, a FHD foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e Tailândia. Após a década de 60, a circulação do vírus da dengue intensificou-se nas Américas. A partir de 1963, houve
circulação comprovada dos sorotipos 2 e 3, em vários países. Em 1977, o sorotipo 1 foi introduzido nas Américas, inicialmente pela Jamaica. A partir de 1980, foram notificadas epidemias em vários países, aumentando consideravelmente a magnitude do problema. Cabe
citar: Brasil (1982/1986/2002/2008), Bolívia (1987), Paraguai (1988), Equador (1988), Peru (1990) e Cuba (1977/1981). A FHD que afetou Cuba, em 1981, é considerada como evento de extrema importância na história da dengue nas Américas. Essa epidemia foi causada pelo
sorotipo 2, tendo sido o primeiro relato de febre hemorrágica da dengue, ocorrido fora do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental. O segundo surto ocorreu na Venezuela, em 1989.

• No Brasil – há referências de epidemias desde o século XIX. No século passado, há relatos em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, no Rio de Janeiro, sem diagnóstico laboratorial. A primeira epidemia, documentada clínica e laboratorialmente, ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista-RR, causada pelos sorotipos 1 e 4. Em 1986, ocorreram epidemias, atingindo o Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente indenes ou alteração do sorotipo predominante. Na epidemia de 1986, identificou-se a ocorrência da circulação do sorotipo DENV1, inicialmente no estado do Rio de Janeiro, disseminando-se, a seguir, para outros seis estados até 1990. Nesse ano, foi identificada a circulação de um novo sorotipo, o DENV2, também no estado do Rio de Janeiro. Durante a década de 90, ocorreu um aumento significativo da incidência, reflexo da ampla dispersão do Ae. aegypti no território nacional. A presença do vetor associada à mobilidade da população levou à disseminação dos sorotipos 1 e 2, para 20 dos 27 estados do país. Entre os anos de 1990 e 2000, várias epidemias foram registradas, sobretudo nos grandes centros urbanos das regiões Sudeste e Nordeste, responsáveis pela maior parte dos casos notificados. As regiões Centro-oeste e Norte foram acometidas mais tardiamente, pois as epidemias só foram registradas a partir da segunda metade da década de 90.

A circulação do DENV 3 foi identificada, pela primeira vez, em dezembro de 2000, também no estado do Rio de Janeiro e, posteriormente, no estado de Roraima, em novembro de 2001. Em 2002, foi observada a maior incidência da doença, quando foram confirmados cerca de 697.000 casos, refletindo a introdução do sorotipo 3. Essa epidemia levou a uma rápida dispersão do DENV3 para outros estados, sendo que, em 2004, 23 dos 27 estados do país já apresentavam a circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue.

No Brasil, os adultos jovens foram os mais atingidos pela doença desde a introdução do vírus. No entanto, a partir de 2006, alguns estados apresentaram a re-circulação do sorotipo 2, após alguns anos de predomínio do DENV3. Esse cenário levou a um aumento no número de casos, de formas graves e de hospitalizações em crianças, principalmente no Nordeste do país. Em 2008, novas epidemias causadas pelo DENV2 ocorreram em diversos estados do país, marcando o pior cenário da doença no Brasil em relação ao total de internações e de óbitos até, o momento. Essas epidemias foram caracterizadas por um padrão de gravidade em crianças, que representaram mais de 50% dos casos internados nos municípios de maior contingente populacional. Mesmo em municípios com menor população, mais de 25% dos pacientes internados por dengue eram crianças, o que evidencia que todo o país vem sofrendo, de maneira semelhante, essas alterações no perfil da doença.

 

 

Vigilância epidemiológica

Objetivos
• Detectar precocemente os casos, visando promover tratamento adequado e oportuno e reduzir a morbidade e, consequentemente, evitar o óbito.

• Detectar precocemente o aumento de ocorrência da doença, para adoção de medidas de controle, evitando que processos epidêmicos se instalem.

• Realizar investigação para identificar a área de transmissão e orientar ações integradas de bloqueio e controle vetorial.

• Acompanhar a curva epidêmica, identificando área de maior ocorrência de casos e grupos mais acometidos, visando controlar a transmissão em curso.

• Realizar investigação de óbitos suspeitos, visando identificar possíveis determinantes.


Definição de caso

Caso suspeito de dengue clássico – paciente que tenha doença febril aguda, com duração máxima de 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: cefaleia, dor retroorbital, mialgia, artralgia, prostração, exantema. Além desses sintomas, deve ter estado, nos últimos 15 dias, em área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue ou tenha a presença de Ae. aegypti.

Caso suspeito de FHD – é todo caso suspeito de dengue clássico que apresente também manifestações hemorrágicas, variando desde prova do laço positiva até fenômenos mais graves, como hematêmese, melena e outros. A ocorrência de manifestações hemorrágicas, acrescidas de sinais e sintomas de choque cardiovascular (pulso arterial fino e rápido ou ausente, diminuição ou ausência de pressão arterial, pele fria e úmida, agitação), leva à suspeita de síndrome de choque.

Caso confirmado de dengue clássico – é o caso confirmado laboratorialmente. No curso de uma epidemia, a confirmação pode ser feita através de critério clínico-epidemiológico, exceto nos primeiros casos da área, que deverão ter confirmação laboratorial.

Caso confirmado de FHD – é o caso em que todos os critérios abaixo estão presentes:

• febre ou história de febre recente, com duração de 7 dias ou menos;

• trombocitopenia (≤100.000/mm3);

• manifestações hemorrágicas evidenciadas por um ou mais dos seguintes sinais:
   › prova do laço positiva, petéquias, equimoses ou púrpuras, sangramentos de mucosas, do trato gastrointestinal e outros;

• extravasamento de plasma, devido ao aumento de permeabilidade capilar, manifestado por:

   › hematócrito apresentando um aumento de 20% do valor basal (valor do hematócrito anterior à doença) ou valores superiores a: 45% em crianças, a 48% em mulheres e a 54% em homens; ou,

   › queda do hematócrito em 20%, após o tratamento; ou,

   › presença de derrame pleural e/ou pericárdico, ascite e hipoproteinemia;

• confirmação laboratorial específica (sorologia ou isolamento).


Caso de dengue com complicações – 
é todo caso suspeito de dengue que apresente uma das situações abaixo:

  • Caso suspeito de dengue que evolui para forma grave, mas não possui TODOS os critérios para ser encerrado como FHD; nessa situação, a presença de PELO MENOS UMA das alterações clínicas e/ou laboratoriais abaixo é suficiente para encerrar o caso como dengue com complicações:

     › alterações neurológicas;

     › disfunção cardiorrespiratória;

     › insuficiência hepática;

     › hemorragia digestiva importante (volumosa);

     › derrame pleural, pericárdico e ascite;

     › plaquetopenia < inferior a 20.000/mm3 .

     › leucometria igual ou inferior a 1ml/mm3.

• Caso suspeito de dengue que evolui para óbito, mas não possui TODOS os critérios para ser encerrado como FHD.

 

Recomenda-se a coleta de amostras para exame específico em todos os casos graves. No entanto, os casos de dengue com complicação podem ser encerrados sem confirmação laboratorial específica na seguinte condição:
• quando não foi possível realizar a coleta de amostra do paciente; e
• outras causas forem descartadas; e
• o caso tiver vínculo epidemiológico com caso confirmado de dengue por critério laboratorial.

 

Caso descartado

• Caso suspeito com diagnóstico laboratorial negativo (2 resultados negativos, amostras pareadas IgM), desde que se comprove que as amostras foram coletadas e transportadas adequadamente.• Caso suspeito de dengue com diagnóstico laboratorial de outra entidade clínica.

• Caso suspeito, sem exame laboratorial, cuja investigações clínica e epidemiológica são compatíveis com outras patologias.


Notificação
Por ser uma doença de notificação compulsória, todo caso suspeito e/ou confirmado, deve ser comunicado ao Serviço de Vigilância Epidemiológica, o mais rapidamente possível. Esse serviço deverá informar, imediatamente, o fato à equipe de controle vetorial local para a adoção das medidas necessárias ao combate do vetor. Em situações epidêmicas, a coleta e o fluxo dos dados devem permitir o acompanhamento da curva epidêmica, com vistas ao desencadeamento e avaliação das medidas de controle. Os casos graves devem ser notificados e investigados imediatamente, preferencialmente, durante o período de internação.


Primeiras medidas a serem tomadas

Atenção médica ao paciente – organizar a rede de assistência, utilizando atenção básica para atendimento dos pacientes suspeitos de dengue sem sinais de alarme e sem sangramento. Programar essas unidades com leitos de observação por 24 horas para os pacientes com manifestações hemorrágicas. Dessa maneira, consegue-se diminuir a demanda nas unidades hospitalares, facilitando o atendimento dos pacientes com forma grave. Ver detalhes de conduta clínica no guia específico de Manejo do Paciente com Dengue, do Ministério da Saúde.

Qualidade da assistência – verificar se os casos estão sendo atendidos em unidades de saúde, com capacidade para prestar atendimento adequado e oportuno. Considerar a necessidade de adequação da rede para prestar atendimento, inclusive provendo infra-estrutura para realizar hematócrito, contagem de plaquetas e hidratação venosa. Na maioria das vezes, os pacientes que apresentam a forma clássica da doença não necessitam de cuidados hospitalares. Entretanto, os pacientes que venham a desenvolver quadros graves ou FHD, principalmente seguidos de choque, demandam internamento em unidades de saúde de maior complexidade. Ver detalhes da organização
de serviços na linha guia de assistência e organização de serviços do Plano de Contingência.

Proteção individual para evitar circulação viral – se o paciente estiver em centro urbano infestado por Ae. aegypti, é recomendável a busca de possíveis criadouros no domicílio e peridomicílio visando eliminar a proliferação dos mosquitos. Não é necessário isolamento, uma vez que a infecção não se transmite de pessoa a pessoa, nem por meio dos fluidos, secreções orgânicas ou fômites.

Confirmação diagnóstica – a depender da situação epidemiológica, coletar material para diagnóstico laboratorial.

Proteção da população – logo que se tenha conhecimento da suspeita de caso de dengue, no período não epidêmico, devem ser organizadas ações de bloqueio na área provável de transmissão, visando eliminar fêmeas do vetor, responsáveis pela transmissão. Esse procedimento não pode aguardar resultados de exames laboratoriais, para confirmação dos casos suspeitos.

A integração das atividades de vigilância epidemiológica e controle vetorial são de fundamental importância para o sucesso do controle da doença. É necessário que o repasse de informações da localização dos casos suspeitos para a vigilância entomológica ocorra da forma mais ágil possível, viabilizando ações de bloqueio em momento oportuno.

Ações de esclarecimento à população, por intermédio de meios de comunicação de massa (rádio e televisão), visitas domiciliares pelos agentes de endemias/saúde e palestras nas comunidades, devem ser organizadas. Conhecimento sobre o ciclo de transmissão, gravidade da doença e situação de risco devem ser veiculadas, assim como medidas de proteção individual, como uso de repelentes e de telas nas portas e janelas.

Investigação – envolve uma sequência de ações diferenciadas, de acordo com a situação epidemiológica do município.


Roteiro da investigação epidemiológica

A depender da situação entomológica e de circulação prévia do vírus da dengue em cada área, fazem-se necessárias condutas de vigilância e controle diferenciadas, que exigem roteiros e condutas de investigação específicas.

Área não infestada  – o objetivo da vigilância epidemiológica (VE) é impedir a introdução do Aedes, procurando detectar precocemente os focos (vigilância entomológica), debelá-los em tempo hábil e fazer a vigilância de casos suspeitos, de acordo com as definições de caso
preconizadas.

   • Notificar os casos, de acordo com o fluxo estabelecido para o estado;

   • solicitar a coleta de sangue e encaminhar ao laboratório de referência para confirmação laboratorial;

   • investigar o caso para detectar o local provável de infecção; no caso de suspeita de autoctonia, solicitar à equipe de controle vetorial pesquisa de Ae. aegypti na área;

   • preencher a ficha de investigação de dengue, enviá-la ao nível hierárquico superior e encerrar o caso.

 

Área infestada sem transmissão de dengue  – o objetivo da VE é monitorar os índices de infestação predial, acompanhando as atividades das equipes de controle, visando conhecer a distribuição geográfica do vetor, seus índices de infestação, identificando as áreas de maior risco para a introdução do vírus, e acionando as medidas pertinentes, detectando oportunamente os casos e determinando o local provável de infecção.

Nessa situação, recomenda-se implementar a vigilância das febres agudas exantemáticas e a vigilância sorológica (realizar sorologia de dengue em pacientes com suspeita inicial de rubéola e/ou sarampo, que tiveram resultado sorológico negativo para ambos). Quando houver suspeita de dengue, deve-se proceder à notificação e investigação imediata de todos os casos suspeitos.

Área com história prévia de transmissão de dengue  – o objetivo é detectar precocemente a circulação viral, nos períodos não epidêmicos, e diminuir o número de casos e o tempo de duração da epidemia nos períodos epidêmicos.

• Períodos não-epidêmicos;

• notificar, de acordo com o fluxo estabelecido para o município e estado;

• investigar, com busca ativa, os possíveis casos suspeitos nas proximidades da residência, trabalho ou outros locais que tenha frequentado;

• coletar material para sorologia de todos os pacientes suspeitos e concluir os casos. Atentar para as normas e procedimentos de coleta;

• realizar monitoramento viral, conforme rotina estabelecida pela vigilância epidemiológica municipal / estadual e pelo Lacen;

• manter as medidas de combate ao vetor e desenvolver atividades educativas e de participação comunitária;

• investigar imediatamente os óbitos notificados para identificação e correção dos seus fatores determinantes.

• acompanhar a curva epidemiológica para detectar mudança no padrão de transmissão. Sugere-se o uso de diagramas de controle ou outros métodos estatísticos.


• Períodos epidêmicos

› Notificar, de acordo com o fluxo estabelecido para o município e estado;

› realizar a sorologia em apenas uma amostra dos pacientes com dengue clássico, pois a confirmação da maioria dos casos será feita pelo critério clínico-epidemiológico, após a confirmação laboratorial da circulação viral na área. Em geral, tem-se estabelecido que se colha sangue de um a cada dez pacientes (10%) com suspeita de febre do dengue. A coleta é obrigatória para 100% dos casos graves. Atentar para as normas e procedimentos de coleta;

› realizar monitoramento viral, conforme rotina estabelecida pela vigilância epidemiológica estadual/Lacen, e investigar imediatamente os bitos notificados para identificação e correção dos seus fatores determinantes;

› adotar concomitantemente as seguintes medidas:
   - organizar imediatamente a atenção médica na rede básica de saúde;
   - capacitar os profissionais de saúde, de acordo com a necessidade, no diagnóstico e tratamento da doença, nas suas diversas apresentações clínicas;
   - disponibilizar o protocolo de atendimento padronizado para toda a rede;
   - divulgar as unidades de referência para casos graves;
   - intensificar o combate ao Aedes;
   - incrementar as atividades de educação em saúde e mobilização social;
   - reorganizar o fluxo de informação, para garantir o acompanhamento da curva epidêmica; analisar a distribuição espacial dos casos, para orientar as medidas de controle; acompanhar os indicadores epidemiológicos (incidência e letalidade) para conhecer a magnitude da epidemia e a qualidade da assistência médica;
   - criar sala de situação para acompanhar indicadores epidemiológicos, entomológicos e de atividades desenvolvidas durante esse período.

 

Coleta de dados clínicos e epidemiológicos

Casos de dengue clássico – no período não epidêmico, preencher todos os campos dos itens da ficha de investigação epidemiológica do Sinan, relativos aos dados gerais, notificação individual e dados de residência, exames laboratoriais e conclusão do caso. Durante epidemias, o município pode adotar o preenchimento apenas da notificação, não preenchendo a ficha de investigação. Essa medida visa garantir a oportunidade da notificação e deve, obrigatoriamente, ser acordada com a secretaria estadual de saúde.

Casos de dengue com complicações e FHD – preencher a ficha de investigação mesmo em período epidêmico, com especial atenção para os campos referentes aos exames laboratoriais e conclusão do caso. Consultar o prontuário dos casos e o médico assistente para preencher as informações sobre sinais e sintomas e exames laboratoriais inespecíficos realizados (plaquetas e exames que mostram evidências de extravasamento plasmático). Verificar e anotar se foi realizada a prova do laço e qual foi o resultado.

Busca ativa de casos graves – deve ser realizada busca ativa de casos suspeitos de FHD nas unidades de saúde, não devendo aguardar apenas a notificação passiva. Quando o evento estiver ocorrendo em um grande centro urbano; além dessa busca, deve-se alertar os serviços de emergências para a possibilidade de casos graves e solicitar a notificação imediata dos casos suspeitos ao serviço de vigilância. Esse alerta facilita a busca ativa e a mensuração da magnitude da ocorrência de casos graves.

Investigação de óbitos – os óbitos com manifestações clínicas e/ou laboratoriais que levem à suspeita de dengue devem ser investigados utilizando o protocolo de investigação de óbitos, devendo essa investigação ser iniciada imediatamente após a ocorrência. Devem ser coletadas informações do prontuário do paciente de cada dia internação, de todos os serviços de saúde no qual o paciente foi atendido. Além das informações do prontuário, deve ser realizada investigação junto aos familiares para preencher as informações do atendimento prestado ao paciente nos serviços de saúde, bem como informações de saúde antes do adoecimento por dengue. Essa investigação visa
identificar possíveis causas associadas à gravidade da FHD, que levou ao óbito.


Medidas de controle

Vigilância entomológica – as atividades de rotina têm como principal função reduzir os criadouros do mosquito, empregando-se preferencialmente métodos mecânicos. Os larvicidas, quando indicados, devem ser empregados somente nos recipientes que não possam ser removidos, destruídos, descartados, cobertos ou manipulados de forma que se tornem incapazes de permitir a reprodução do vetor. As ações de rotina, além de contribuir para a redução da infestação por Ae. aegypti, podem evitar a sua reintrodução em outras áreas.

• Determinação e/ou acompanhamento dos níveis de infestação vetorial – as atividades de vigilância entomológica devem ser executadas rotineiramente em toda área urbana do município, com a finalidade de levantar os índices larvários (predial, Breteau, recipientes, etc.) para monitoramento das ações executadas e possíveis redirecionamentos necessários. O período não epidêmico é o momento ideal para a adoção de medidas, visando impedir epidemias futuras. Recomenda-se que os índices de infestação predial sejam mantidos abaixo de 1%. É fundamental que os depósitos de difícil acesso sejam rotineiramente inspecionados, devendo ser adotada estratégia diferenciada para essa inspeção.

• Intensificação do combate ao vetor – as atividades de emergência devem ser tomadas em caso de surtos e epidemias. Nessas situações, as aplicações de inseticida a ultra baixo volume (UBV) são utilizadas para reduzir ou mesmo interromper a transmissão (eliminação de fêmeas infectadas), devendo ser programadas para repetições semanais. As ações de rotina (visita casa a casa, mobilização da população, mutirões de limpeza) devem ser reavaliadas e reiniciadas imediatamente. Naquelas situações onde a situação epidemiológica (surto ou
epidemia) indique ações que venham a ultrapassar a capacidade operativa do município, deve ser solicitado apoio ao nível estadual. Outras ações de controle estão especificadas no tópico Instrumentos disponíveis para controle. As avaliações entomo-epidemiológicas deverão ser consideradas para interromper as aplicações de UBV. Observe-se que essas aplicações estão sujeitas a influências climáticas e operacionais, que contribuem para diminuição de sua eficácia, razão pela qual devem ser adotados procedimentos específicos para minimizar tais problemas. Mesmo com eficácia diminuída, indica-se a adoção dessa medida em situações epidêmicas.


Encerramento de casos

Os dados de notificação, junto com os resultados dos exames laboratoriais e, nos casos em que for indicada a investigação epidemiológica, trarão os subsídios para o diagnóstico final, considerando as definições de caso.


Risco de urbanização de febre amarela
A atual situação de dispersão e a elevada densidade do Ae. aegypti aumentam o risco de reurbanização da Febre Amarela. Atualmente, um dos principais objetivos da VE do país é o de impedir essa ocorrência, a partir da detecção oportuna de casos suspeitos dessa doença.


Análise de dados
A análise dos dados das investigações deve permitir a avaliação da magnitude do problema e orientar / avaliar as medidas que vêm sendo adotadas. Ela deve ser feita sistematicamente, em todos os níveis do sistema, e sua periodicidade dependerá da situação epidemiológica e da organização do fluxo de informações. É preciso considerar os dados referentes à distribuição, à densidade do vetor e à ocorrência de casos, para que as informações possam subsidiar a análise da situação epidemiológica e otimizar o uso dos recursos de controle disponíveis.

Os dados referentes aos casos devem ser consolidados, agrupados e ordenados, segundo características de pessoa, tempo, lugar, para possibilitar uma avaliação de tendência da doença e comparação com igual período de anos anteriores (se for o caso). As tabelas devem ser atualizadas periodicamente, bem como as curvas endêmica e epidêmica, para que forneçam uma visão global do evento e permitam o acompanhamento sistemático de sua evolução. Nos relatórios, empregar linguagem clara e acessível, visando sua divulgação para a população, imprensa e dirigentes dos órgãos de saúde. Os municípios podem utilizar diagrama de controle, o qual possibilita analisar os
níveis endêmicos da doença e, assim, identificar precocemente a ocorrência de epidemias.

 

Instrumentos disponíveis para controle

Não existem medidas de controle específicas direcionadas ao homem, uma vez que não se dispõe de nenhuma vacina ou drogas antivirais. A notificação dos casos suspeitos, a investigação do local provável de infecção, bem como a busca ativa de casos são elementos fundamentais. Atualmente, o único elo vulnerável da cadeia epidemiológica do dengue é o mosquito. Assim, o controle está centrado na redução da densidade vetorial.

A única garantia para que não exista dengue é a ausência de circulação viral e a manutenção de níveis baixos de infestação. Embora não exista determinação precisa do limite abaixo do qual se possa ter certeza de que não ocorrerão surtos de dengue, há evidências que esse nível deve ser abaixo de 1%. Dessa forma, em áreas com Aedes, o monitoramento do vetor deve ser realizado rotineiramente para conhecer as áreas infestadas e desencadear as medidas de controle:

   • manejo ambiental: mudanças no meio ambiente que impeçam ou minimizem a propagação do vetor, evitando ou destruindo os criadouros potenciais doAedes;

   • melhoria de saneamento básico e coleta de resíduos sólidos;

   • participação comunitária, no sentido de evitar a infestação domiciliar do Aedes, mantendo o ambiente domiciliar livre de potenciais criadouros do vetor;

  • controle químico: consiste em emprego das seguintes modalidades de intervenção: (i) tratamento focal (larvário); (ii) perifocal em Pontos Estratégicos – PE (cemitérios, ferros-velho, etc.); (iii) espacial (UBV, restritos aos bloqueios de casos em períodos não epidêmicos e
para controle de epidemias).


Educação em saúde, comunicação e mobilização social

As áreas de comunicação e mobilização devem manter ações e atividades estratégicas e de rotina nas instituições nas quais estão inseridas, de forma articulada e complementar, potencializando a divulgação, a discussão e a compreensão de temas elegidos como prioritários e de relevância em Saúde Pública. A produção de informações oportunas, coerentes e confiáveis sobre a dengue é parte do processo de sensibilização e mobilização da população, necessário ao fortalecimento do SUS, em defesa da saúde das pessoas.

As ações de comunicação e mobilização são de responsabilidades das três esferas de gestão, devendo ser conduzidas de forma intersetorial, com apoio de entidades da sociedade civil. Devem ser utilizados meios de comunicação de massa (por seu grande alcance e eficácia), além da produção e distribuição de material que contemple as especificidades regionais. O gestor deverá direcionar as ações de comunicação e mobilização para a população geral e para os atores que atuam na saúde (conselheiros, lideranças sociais, movimentos sociais), incentivando a corresponsabilidade da população para o controle da doença, pautando-se nos temas a seguir.

Período não epidêmico – divulgar informações gerais sobre medidas de prevenção: eliminação dos criadouros dos mosquitos da dengue; informar sobre o ciclo do mosquito; informar os locais com maior concentração de mosquito ou casos da doença; informar os principais sintomas da doença; e recomendar a procura pelo atendimento na rede de saúde.

Período epidêmico – definir um porta-voz que transmitirá informações atualizadas; divulgar sinais e sintomas da complicação da doença para evitar óbitos; alertar sobre os perigos da automedicação; orientar a população a procurar a unidade básica de saúde aos primeiros sintomas; prestar esclarecimentos sobre medidas de auto-cuidado (vigorosa hidratação oral na vigência de sinais e sintomas de dengue); reforçar ações realizadas no período não epidêmico.


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A SOCIEDADE CONTRA A DENGUR
 

 

 

A Sociedade

contra a Dengue

Ministério da Saúde

Série B. Textos Básicos de Saúde

Brasília – DF

2002  2002. Ministério da Saúde.

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

Série B. Textos Básicos de Saúde

Tiragem: 2.500 exemplares

Fernando Henrique Cardoso

Presidente da República

Barjas Negri

Ministro de Estado da Saúde

Mauro Ricardo Machado Costa

Presidente da Fundação Nacional de Saúde

Elaboração, distribuição e informações:

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Gabinete do Ministro

Assessoria de Imprensa

Esplanada dos Ministérios, bloco G, sala 556

CEP: 70058-900, Brasília – DF

Tel.: (61) 315 2005

Fax: (61) 225 7338

E-mail: imprensa@saude.gov.br

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

FICHA CATALOGRÁFICA

Brasil. Ministério da Saúde.

A Sociedade contra a Dengue / Ministério da Saúde. – Brasília: Ministério

da Saúde, 2002.

24 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)

ISBN 85-334-0594-4

1. Dengue.  I. Brasil. Ministério da Saúde.  II. Título.  III. Série.

NLM WC 528

Catalogação na fonte – Editora MS

EDITORA MS

Documentação e Informação

SIA, Trecho 4, Lotes 540/610

CEP: 71200-040, Brasília – DF

Tels.: (61) 233 1774/2020 Fax: (61) 233 9558

E-mail: editora.ms@saude.gov.br1 - O Poder da Prevenção ............................................... 5

2 - Ações Governamentais ............................................... 9

3 - A Ocorrência de Dengue no Brasil .............................. 11

3.1 - A Força-Tarefa .................................................. 12

3.2 - O Dia D Contra a Dengue ................................ 13

4 - Plano Nacional de Controle da Dengue ...................... 15

4.1 - O Dia D Nacional ........................................... 15

4.2 - Comitê de Mobilização ..................................... 16

4.3 - Campanhas ..................................................... 17

4.4 - Reciclagem ...................................................... 18

4.5 - Capacitação .................................................... 19

4.6 - Recursos .......................................................... 20

5 - Anexos ..................................................................... 21

Sumário5

O Poder da Prevenção 1

A combinação do crescimento desordenado dos centros

urbanos com a expansão da indústria de materiais não

biodegradáveis e o aquecimento global produz uma certeza

preocupante: é impossível, a curto prazo, erradicar o mosquito

Aedes aegypti, transmissor da dengue. Por outro lado, é possível

evitar o nascimento de novos Aedes aegypti e, conseqüentemente,

o avanço da doença. Basta que se eliminem os criadouros onde

as fêmeas do mosquito colocam ovos para reprodução: pratinhos

de vasos de plantas, pneus, garrafas destampadas e outros

recipientes com água parada.

A dengue está relacionada ao saneamento doméstico. No

Brasil, cerca de 90% dos focos do mosquito encontram-se nas

residências. Os principais sintomas da doença são febre alta e

súbita, dores na cabeça e no corpo. Segundo a Organização

Mundial da Saúde (OMS), a dengue acomete anualmente 80

milhões de pessoas em 100 países de todos os continentes, exceto

a Europa. Ainda segundo a OMS, por ano, cerca de 550 mil

doentes necessitam de hospitalização, e 20 mil morrem em

conseqüência da dengue.

A reprodução do  Aedes aegypti ocorre da seguinte

maneira: os ovos colocados pela fêmea na parede do

recipiente transformam-se em larvas quando em contato com

a água. Se os ovos forem postos por fêmeas infectadas, podem

carregar o vírus e gerar mosquitos capazes de continuar

infectando a população.

A reprodução se completa, em média, sete dias após a

postura, dependendo de uma série de fatores, como a temperatura

e a quantidade de matéria orgânica disponível na água. O tempo6

de vida do mosquito é de pouco mais de um mês. Portanto, a

melhor arma contra a dengue é a mobilização de toda a sociedade

para barrar a reprodução do vetor. Ou seja, enquanto se evita o

nascimento de novos Aedes aegypti, outros vão morrendo após

30 dias de vida.

Já quando o ovo não entra em contato com a água,

ele permanece no recipiente mesmo quando este é

transportado para outro lugar, como no caso dos pneus. Por

força de suas características, o transmissor da dengue espalhou-

se por uma área onde vivem cerca de 3,5 bilhões de pessoas

em todo o mundo, embora ele se locomova num raio não

superior a 100 metros e tenha vida curta. Nas Américas, está

presente desde os Estados Unidos até o Uruguai, com exceção

apenas do Canadá e do Chile, por razões climáticas e de

altitude. Originário das margens do Rio Nilo, o mosquito da

dengue recebeu um nome científico cuja tradução não poderia

ser mais apropriada:  Indesejável do Egito.

É um inseto urbano, cuja fêmea se alimenta

essencialmente de sangue humano. É escuro, com faixas

brancas. No torso, tem um desenho em forma de lira

(instrumento musical). Nos insetos mais velhos, o desenho some

e aparecem dois tufos de escamas branco-prateadas. É fácil

identificar suas larvas: sob o foco de um feixe de luz (uma

lanterna, por exemplo), dá para vê-las se locomovendo

rapidamente, em busca de abrigo no fundo do recipiente.

Ninguém pega dengue por contato físico, secreções,

alimentos ou qualquer outra forma de transmissão que não

seja a picada do Aedes aegypti. Já foram identificados quatro

sorotipos distintos do vírus: 1, 2, 3 e 4. Todos produzem

infecção e se manifestam, inicialmente, de forma semelhante.

Além de febre e dores no corpo, são comuns as sensações

de cansaço, falta de apetite e, por vezes, náuseas e vômitos.

Podem aparecer manchas vermelhas na pele (isso costuma

induzir a erros de diagnóstico, pela semelhança com o7

sarampo ou a rubéola) e coceiras no corpo. Às vezes, ocorre algum

tipo de sangramento, em geral no nariz ou nas gengivas. O

diagnóstico inicial de dengue é clínico (história + exame físico da

pessoa). A comprovação é feita por exame laboratorial, que

apresenta resultados seguros depois do quinto dia da doença.

Não existe medicação específica para o tratamento da

dengue. O doente deve permanecer sob observação médica,

manter repouso e ingerir muito líquido. Em alguns casos é

recomendada a hidratação por soro.

O Aedes aegypti foi considerado erradicado no Brasil em

duas ocasiões, nas décadas de 50 e de 70. Mas esse resultado

não foi obtido em outros países do continente americano, como

os Estados Unidos e a Venezuela, mantendo o Brasil sob permanente

risco de reinfestação. Nos anos de 1986 e 1987, ocorreu um

grande surto de dengue no Brasil, o primeiro a cruzar as divisas

estaduais, atingindo principalmente as populações de Alagoas,

do Ceará e do Rio de Janeiro.9

Ações Governamentais 2

Ao longo dos anos, o Ministério da Saúde não poupou

esforços na busca por uma solução eficaz contra a dengue.

Em 1996, por exemplo, diante da complexidade do problema,

decidiu rever a estratégia de combate, até então centralizada

na Funasa. Os métodos utilizados resumiam-se ao combate

químico, com baixíssima ou mesmo nenhuma participação

da comunidade, embora esta seja fundamental na eliminação

dos focos do mosquito. Não havia também a devida integração

intersetorial e era pequena a utilização do instrumental

epidemiológico, revelando uma incapacidade para conter um

vetor com altíssima adaptabilidade ao novo ambiente criado

pela urbanização acelerada e pelos novos hábitos da

população.

No mesmo ano, o Ministério da Saúde lançou o

Programa de Erradicação do Aedes aegypti  (PEAa). Ao invés

do modelo de gestão centralizada e verticalizada, passou a

vigorar a descentralização das ações na área de controle de

endemias, com os repasses de recursos federais diretamente

a estados e municípios. A implantação do PEAa resultou em

um fortalecimento das ações de combate ao vetor, com

significativo aumento dos recursos utilizados para essas

atividades.

 No entanto, as ações de prevenção continuaram

centradas quase que exclusivamente nas atividades de campo

com o uso de inseticidas contra o mosquito transmissor da

dengue. E no Brasil, a exemplo de outros países que adotaram

a mesma estratégia, a impossibilidade de erradicação do

mosquito e a necessidade de mobilização social na prevenção

ficaram ainda mais evidentes.10

Em 2001, diante da tendência de aumento da incidência

e introdução de um novo sorotipo (DEN 3), que prenunciava

um elevado risco de epidemias de dengue e de aumento nos

casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), o Ministério

da Saúde, em parceria com a Organização Pan-Americana

da Saúde (Opas), realizou um seminário internacional para

avaliar as ações desenvolvidas e discutir a adoção de ações

mais eficazes contra a doença.

Em agosto de 2001, o Ministério da Saúde lançou o

Plano de Intensificação das Ações de Controle da Dengue

(PIACD), que, além de aumentar o volume de recursos federais

e manter a descentralização, incorporou elementos como a

mobilização social e a participação comunitária, indispensáveis

para responder de forma adequada a um vetor altamente

domiciliado.

Nos últimos anos, o Ministério da Saúde aumentou

significativamente os repasses de verbas para o combate à

dengue. De 1996 até 2001, os recursos federais destinados a

estados e municípios totalizaram cerca de R$ 2,5 bilhões. Em

1996, foram R$ 188,6 milhões; em 1997, R$ 431 milhões;

em 1998, R$ 396,5 milhões; em 1999, R$ 448,5 milhões; em

2000, R$ 456,2 milhões; em 2001, R$ 605,7 milhões. Para

2002, os recursos são de R$ 1 bilhão, quase o dobro do ano

passado.

Estados e municípios também devem participar

financeiramente do combate à dengue, contribuindo com o

equivalente a 10% do que recebem da União. O mais

importante é que cabe a eles gerir adequadamente esses

recursos de acordo com suas necessidades e características

específicas. Todos os estados e municípios brasileiros receberam

e continuam recebendo igual tratamento do Ministério da

Saúde: os mesmos recursos financeiros (calculados

proporcionalmente, considerando o número de habitantes e a

extensão territorial), os mesmos equipamentos e o mesmo

suporte de capacitação de profissionais.11

3

Em 2002, o Brasil registrou 672.371 notificações, com

2.090 óbitos por Febre Hemorrágica de Dengue (FHD). O

Estado do Rio de Janeiro concentrou a maioria absoluta e

relativa dos casos: 34% das notificações; 79,6% dos casos de

dengue hemorrágica e 65% dos óbitos (dados preliminares

até 5/10/2002). Enquanto isso, nos estados da Região Norte,

onde as iniciativas do governo federal foram acompanhadas

de uma ação efetiva das autoridades estaduais e municipais,

além da adesão da sociedade, as notificações caíram de

13.636 em janeiro de 2001 para 1.808 em janeiro de 2002.

No Amazonas, por exemplo, o número de casos passou

a cair mês a mês. Foram 7.233 notificações em janeiro de

2001, passando a apenas 59 em janeiro de 2002. O mesmo

ocorreu em Rondônia: de 713 notificações em janeiro de 2001

para 73 em janeiro de 2002. No Acre, a dengue seguiu a

mesma trajetória descendente: de 1.539 casos em janeiro de

2001 para 74 em janeiro de 2002. Se excluídos os casos

registrados no Estado do Rio de Janeiro, o número de

ocorrências teve um decréscimo em torno de 7% em janeiro

deste ano em relação a igual período do ano passado no

País.

No Rio de Janeiro, perdura até hoje uma polêmica em

torno da não renovação dos contratos, em 1999, dos cerca

de 5 mil mata-mosquitos que trabalhavam para a Funasa, no

estado, em ações de combate a endemias. O afastamento se

deu porque os contratos eram temporários, precisavam de

Medidas Provisórias para renovação e, pior de tudo, o trabalho

dos agentes não apresentava eficácia.

A Ocorrência de Dengue no Brasil12

 Tanto que, em 1998, quando os mata-mosquitos ainda

atuavam, foram notificados 32.113 casos de dengue no estado.

Em 1999, com a entrada do Rio de Janeiro no modelo

descentralizado, em que estados e municípios recebem recursos

do Ministério da Saúde para contratar seus agentes, o número

de casos foi de 7.374, uma redução de 77,04% em relação a

1998. Em 2000, foram 3.605 notificações, uma queda de

51,11% em comparação a 1999. É importante destacar que

o volume de recursos federais repassados ao estado para a

contratação de seus agentes é superior ao que se gastava

com os mata-mosquitos.

3.1) A Força-Tarefa

Em 2002, para combater a ocorrência de dengue no

Rio de Janeiro, a Funasa criou uma Força-Tarefa composta

por mil agentes sanitários de saúde de todo o País. Esses

agentes começaram a combater a dengue no início de fevereiro

na cidade do Rio e nos municípios de Duque de Caxias, Nova

Iguaçu, Belford Roxo, Japeri, Mesquita, Nilópolis, Queimados,

e São João do Meriti, todos localizados na Baixada Fluminense.

Esses foram os municípios com maior concentração de casos

no estado. Os agentes da Força-Tarefa organizada pela Funasa

visitaram cerca de 1 milhão de residências, eliminando focos

do Aedes aegypti e orientando as pessoas sobre como combater

o mosquito transmissor da dengue.

Além disso, o Ministério da Saúde solicitou ajuda às

Forças Armadas. O Exército e a Marinha entraram na luta

contra a dengue com 1,3 mil homens. A Funasa realizou o

treinamento desse contingente adicional, que contribuiu para

ampliar a cobertura de visitas na cidade do Rio de Janeiro e

municípios da Baixada Fluminense.13

3.2) O Dia D Contra a Dengue

O Dia D foi a maior mobilização para o combate à

dengue já realizada no Brasil. Foram 745 mil pessoas

envolvidas em 89 dos 92 municípios do Estado do Rio de

Janeiro, no dia 9 de março deste ano, para eliminar os focos

do Aedes aegypti. Juntos, a sociedade mobilizada pelo Dia D

e a Força-Tarefa conseguiram reduzir as notificações de dengue

no estado, de 90.776 em março, mês de maior registro de

casos, para 26.648 em abril e 5.722 em maio. A redução

entre março e maio foi de 93,6%.

No Dia D, a eliminação dos criadouros foi facilitada por

um roteiro de procedimentos distribuído pelo Ministério da Saúde.

O roteiro indicava quais locais as pessoas deviam checar se havia

água, como vasos de plantas, pneus, caixas d´água, latinhas,

entre outros possíveis focos do mosquito. Encontrados esses

recipientes, o roteiro explicava ao morador como eliminar o

criadouro ou evitar um novo foco. Os três municípios que não

fizeram mobilizações no dia 9 de março foram Santa Maria

Madalena, que realizou seu Dia D em 16 de março, e Trajano e

São José de Ubá, que fizeram suas mobilizações no dia 6 de abril.

O balanço das ações do Dia D indica que houve grande

adesão das prefeituras e da população fluminense. Mais de

745 mil pessoas participaram ativamente desse dia, entre

servidores públicos federais, estaduais e municipais, além de

voluntários de organizações não-governamentais, igrejas,

associações de bairros, empresas privadas, etc.

Foram distribuídos 18 milhões de folhetos para inspeção

domiciliar, 204,9 mil cartazes de divulgação do Dia D, 112

mil folhetos e 33,1 mil bandeiras. As prefeituras informaram

que recolheram 5,3 mil toneladas de lixo das ruas. Mais de

3,3 mil imóveis que estavam fechados, oferecendo risco à

população, foram vistoriados pelos agentes sanitários que14

eliminaram os focos do Aedes. A quantidade de veículos utilizados

naquele dia chegou a 1.089.

A Funasa estima que 14,6 milhões de pessoas se envolveram

nas ações do Dia D e que cerca de 4,2 milhões de domicílios

foram vistoriados pelas famílias que participaram da mobilização,

fazendo a limpeza ou eliminação dos possíveis focos do mosquito

transmissor da dengue. O Ministério da Saúde investiu R$ 2 milhões

na realização da campanha educativa do Dia D no estado. Após

o sucesso no Rio, o ministério realizou outros dias D contra a

dengue nos estados de São Paulo, Pernambuco, Goiás, Mato

Grosso do Sul e Alagoas.15

4 Plano Nacional de Controle da Dengue

Para intensificar ainda mais as ações de combate à

dengue, sobretudo a mobilização da sociedade, o Ministério

da Saúde lançou, em 24 de julho deste ano, o Programa

Nacional de Controle da Dengue (PNCD), em conjunto com

as secretarias estaduais e municipais de saúde. O principal

objetivo é fazer a prevenção desde já para reduzir, ao máximo,

o número de casos de dengue no País. O programa tem

recursos de mais de R$ 1 bilhão, dos quais R$ 903 milhões

são do orçamento do Ministério da Saúde, e as contrapartidas

estaduais e municipais totalizam R$ 131,1 milhões.

O programa busca reduzir a menos de 1% a infestação

predial (em imóveis residenciais, comerciais e públicos) pelo

Aedes aegypti em todos os municípios brasileiros; reduzir em

50% o número de casos em 2003 em relação a 2002; e

reduzir a menos de 1% os óbitos por dengue hemorrágica.

4.1) O Dia D Nacional

Para atingir as metas, o Ministério da Saúde incorporou

ao programa inovações nas estratégias de combate à dengue

com ênfase na promoção de ações de mobilização social

para produzir mudanças no comportamento da população,

buscando maior envolvimento das pessoas na eliminação dos

focos do Aedes aegypti nas residências. Como já citado, cerca

de 90% dos focos do mosquito estão nos domicílios.

Uma das inovações será a realização de um Dia D nacional

para o combate à dengue. O deste ano será em 23 de novembro,

um sábado, com uma mobilização nos mesmos moldes daquela16

promovida em março no Estado do Rio de Janeiro, quando a

população fluminense participou ativamente da eliminação dos

criadouros do Aedes aegypti. O PNCD é uma constatação de

que acabou o tempo, pelo menos no tocante à dengue, em que a

sociedade ficava passiva esperando que as autoridades resolvessem

seus problemas.

4.2) Comitê de Mobilização

 Diante da importância da sociedade na eliminação

dos focos do mosquito transmissor, o novo programa traz uma

novidade de grande peso na luta contra a doença: a criação

do primeiro Comitê Nacional de Mobilização Social Contra a

Dengue, que vai articular ações envolvendo todos os segmentos

sociais, tendo como ponto máximo a realização do Dia D

nacional.

 O comitê, que se reuniu pela primeira vez em outubro, é

composto pelas seguintes entidades: Fundação Nacional de Saúde

(Funasa), secretarias do Ministério da Saúde, Agência Nacional

de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Saúde

Suplementar (ANS), Gabinete do Ministro da Saúde, Conselho

Nacional de Saúde (CNS), Conselho Nacional dos Secretários

Estaduais de Saúde (Conass), Conselho Nacional dos Secretários

Municipais de Saúde (Conasems), Conferência Nacional dos Bispos

do Brasil (CNBB), Conselho das Igrejas Cristãs do Brasil, Secretaria

Nacional de Defesa Civil (Sedec), Organização das Cooperativas

Brasileiras (OCB), Confederação Nacional dos Transportes (CNT),

Confederação Nacional da Indústria (CNI), Associação Brasileira

de Imprensa (Abi), Confederação Brasileira de Futebol (CBF),

Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), União

Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime),

Confederação Nacional  dos Trabalhadores em Educação (CNTE),

Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Confederação

Nacional do Comércio (CNC), Confederação Geral dos17

Trabalhadores (CGT), Força Sindical, Instituto Brasileiro de

Administração Municipal (Ibam), Associação Brasileira das

Emissoras de Rádio e TV (Abert), Comitê Olímpico Brasileiro (Cob),

Ministério da Defesa, Conselho do Programa Comunidade

Solidária, Fundação Palmares, Confederação Nacional das Donas

de Casa e Consumidores, Conselho Nacional dos Comandantes

Gerais da Polícia Militar e Bombeiro Militar (CNCG).

A coordenação do comitê é exercida pela Funasa, que

promoverá reuniões periódicas para avaliar a implementação

das ações do Dia D e outras iniciativas que deverão ser

realizadas durante os meses do verão para eliminar os

criadouros do mosquito e, dessa forma, combater a dengue.

Estados e municípios com população igual ou superior a 50

mil habitantes também vão criar seus comitês de mobilização

social para planejar e executar ações de combate à dengue.

4.3) Campanhas

O Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD)

também prevê a veiculação permanente de campanhas

informativas alertando sobre os riscos da proliferação do

mosquito e ensinando como evitar focos nas residências.

Outra novidade do PNCD é a inclusão de ações de

educação em saúde e mobilização social nas atividades de trabalho

dos agentes comunitários de saúde e equipes do Programa  Saúde

da Família (PSF). Eles orientarão as famílias sobre as formas de

prevenção da dengue, a eliminação dos criadouros e como

proceder se surgirem sintomas da doença.

Os prefeitos serão orientados sobre como utilizar os

mecanismos legais existentes para garantir que os agentes de

controle de endemias não enfrentem dificuldades ao visitar

imóveis abandonados ou fechados. Será elaborado um texto

reunindo toda a legislação que respalda o acesso dos agentes às18

dependências de imóveis abandonados, fechados ou àqueles cujos

proprietários ofereçam resistência.

Para reforçar ainda mais o cerco à dengue, o Ministério da

Saúde estimulará ações de saneamento ambiental. Serão

adquiridas tampas e capas protetoras para caixas d´água de

maneira a garantir a armazenagem segura de água de

consumo, sem risco de estes depósitos transformarem-se em

criadouros do mosquito. Nas casas ou comunidades onde as

pessoas necessitem armazenar água em latões e tonéis, serão

repassadas orientações sobre como acondicioná-la sem riscos

à saúde.

4.4) Reciclagem

Outra importante inovação é que o Ministério da Saúde,

por meio da Funasa, estimulará a reciclagem de pneus, que

costumam ser focos do Aedes aegypti quando acumulam água

parada. Para isso, a Funasa repassará aos municípios com

mais de 100 mil imóveis equipamentos específicos para triturar

e picar pneus. Esse processo transformará os fragmentos em

matéria-prima para a produção de placas pré-moldadas, por

exemplo, que podem ser utilizadas na construção de moradias,

na fabricação de asfalto e, ainda, como combustível, entre

outras destinações.

Todas as ações serão desenvolvidas em articulação com

os governos estaduais e municipais, o que fortalecerá ainda

mais as atividades de vigilância epidemiológica (detecção

precoce de surtos) e de vigilância entomológica (detecção

precoce de aumento da população de mosquitos). Com isso,

as secretarias estaduais e municipais de saúde terão mais

condições para agir rapidamente e evitar os riscos da dengue.19

4.5) Capacitação

A capacitação de pessoal é um dos componentes mais

importantes do PNCD. O Ministério da Saúde fará o

treinamento de aproximadamente 166 mil agentes comunitários

de saúde, que, posteriormente, orientarão a comunidade sobre a

prevenção e o controle da dengue. O trabalho dos agentes do

PACS/PSF será supervisionado por 18,1 mil profissionais de

enfermagem, que também serão treinados. Para melhorar a

qualidade do trabalho de campo, serão capacitados 6,3 mil

supervisores que coordenam as equipes de agentes de controle de

endemias em todo o País.

Mais 150 técnicos das secretarias estaduais de saúde e

das coordenações regionais da Funasa já estão sendo

preparados para atuar como multiplicadores, repassando

informações sobre a vigilância epidemiológica da dengue para

os profissionais de saúde que trabalham nos municípios,

aperfeiçoando o monitoramento da doença para evitar a

ocorrência de surtos.

Cerca de 700 médicos do Sistema Único de Saúde

(SUS) serão capacitados como multiplicadores para atualizar

os conhecimentos dos profissionais de saúde sobre o

diagnóstico e o tratamento da dengue, assegurando

atendimento adequado aos pacientes e reduzindo a letalidade

dessa doença.

Para a promoção de ações de educação em saúde e

mobilização social, foram capacitados 54 multiplicadores que

orientarão as instituições da sociedade civil. Também foram

capacitados como multiplicadores 54 agentes de saneamento

ambiental das secretarias estaduais de saúde. Além disso, 26

mil agentes de controle de endemias da Funasa, cedidos aos

estados e municípios, passarão por cursos de atualização dos

conhecimentos sobre o combate à dengue.20

4.6) Recursos

 Dos mais de R$ 1 bilhão destinados ao PNCD, R$ 269,7

milhões correspondem a um aporte adicional ao previsto

inicialmente para o combate à dengue este ano. Pouco mais

de R$ 72 milhões desse adicional destinam-se à contratação

de 10 mil novos agentes de endemias, que se juntarão aos 48

mil já em campo, totalizando 58 mil agentes atuando nas

operações de campo em todo o País. Cerca de R$ 68 milhões

financiarão intervenções de saneamento ambiental, como a

compra e entrega de tampas e capas para caixas d’água. O

Ministério da Saúde concederá adicional de R$ 240,00 ao

ano aos 166,4 mil agentes comunitários de saúde capacitados

para o combate à dengue.

Parte do recurso adicional, cerca de R$ 40,1 milhões

serão aplicados na aquisição de 1.019 veículos, 391 motos,

114 Ultra Baixo Volume (UBV ou fumacê), 258 microscópios,

404 nebulizadores portáteis, 109 pulverizadores costais, 48

computadores e impressoras, além de 61 máquinas de triturar

pneus. Esses veículos e equipamentos reforçarão a infra-

estrutura das secretarias estaduais e municipais de saúde para

o combate à dengue.

O PNCD prevê também aplicação de R$ 25 milhões

nas ações de educação em saúde, mobilização social e

comunicação social, incluindo a campanha informativa

permanente, que orientará a população sobre as ações de

prevenção e controle da dengue.21

5 Anexos

88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02

385,14 254,39 144,4 127,89 326,59 156,13 116,99 87,75 36,81 4,87 1,12 71,1 27,29 3,79 1,13

Fonte: SES/FUNASA.

Obs.: Dados de 2002 consolidados até o mês de julho.

Figura 1.  Série histórica da taxa de incidência de dengue, Brasil, 1986 – 2002

400

300

200

100

0

Ano 86 87

64,63 34,5 Incidência

Taxa de incidência (100.000 hab.)

Funasa  – julho/2002 – pág. 2522

700

600

500

400

300

200

100

0

86  87  88  89  90  91  92  93  94  95  96  97  98  99  00  01      02

672.371 428.117 239.870 205.665 528.388 249.239 183.762 137.308 56.584 7.388 1.658 104.398 39.322 5.367 1.570 11.407 46.309

Ano

Casos Notificados

Fonte: SES/FUNASA

Obs.: Dados de 2002 consolidados até o mês de julho.

Casos Notificados x 1000 UF com transmissão 27

25

20

15

10

5

0

N° de UF com transmissão CO S SE NE N

Figura 2. Casos notificados de dengue por região geográfica, Brasil, 1986 – 2002 Funasa  – julho/2002 – pág. 2623

1990 1991 Ano 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Figura 3. Número de casos notificados e óbitos de febre hemorrágica de

dengue, Brasil, 1990 – 2002

2,74 188 00 25 114 69 46 105 72 59 682 2.090

8 0 0 011 2 1 9 10 3 32996

Caso notificados

Óbitos

0

2.000

1.600

800

400

Casos notificados

1.200

Fonte: SES/FUNASA

Obs: Dados de 2002 consolidados até o mês de julho.

0

50

40

30

20

10

Taxa de letalidade

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 19981999 2000 2001 2002

2,92 00044 1,75 1,45 19,57 9,52 4,17 5,08 4,25 4,59

Ano

Letalidade %

Figura 4. Taxa de letalidade por febre hemorrágica de dengue, Brasil, 1990 – 2002EDITORA MS

Coordenação-Geral de Documentação e Informação/SAA/SE

MINISTÉRIO DA SAÚDE

(Normalização, revisão, editoração, impressão e acabamento)

SIA, Trecho 4, Lotes 540/610 – CEP: 71200-040

Telefone: (61) 233-2020  Fax: (61) 233-9558

E-mail: editora.ms@saude.gov.br

Brasília – DF, novembro de 2002

OS 1143/2002

 

 

 

 

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO

1.ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Barra do Garças

 

Endereço: Rua Francisco Lira, n.º 962, Setor Sena Marques, Fone: (66) 34011252, CEP 78.600-000, Barra do Garças

 

PORTARIA N.º 010/2010/1.ªPJC/BG/MPE/MT

 

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO, por  seu  agente

signatário, no uso das atribuições constitucionais e institucionais que lhe são conferidas pelo

art. 129, inc. II, da CF/88, art. 8.º, § 1.º, da Lei Federal n.º 7.347/85, art. 26 da Lei Federal

n.º 8.625/93, art. 23 da Lei Complementar Estadual n.º 27/93, e, ainda, subsidiariamente, Lei

Complementar n.º 75/95, observadas disposições da Res. n.º 010/2007, do CSMP/MT e Res.

n.º 023/2007, do CNMP;

 

CONSIDERANDO que chegou ao conhecimento do Ministério Público, por meio

de várias denúncias anônimas, a informação de que a Secretaria Municipal de Saúde de Barra

do Garças está, desde o dia 11/03/2010, por  sua  conta e  risco, aplicando  inseticida a Ultra

Baixo Volume – UBV- pesado, mais conhencido como “fumacê”, sem que, contudo, tenha sido

autorizado pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso ou diretamente pelo Ministério

da Saúde, colocando em  risco a população  local, dada a potencial nocividade de  tal prática,

face, sobretudo, os efeitos adversos à saúde humana;

 

CONSIDERANDO que, segundo apurado, notadamente em visita realizada no dia

15/03/2010, no pátio da garagem do DERMAT, acompanhando diligência a cargo da Vigilância

Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde, em cumprimento ao previsto no Memorando n.º

117/SVS/SES/MT/2010, da Superintendência de Vigilância em Saúde,  foi de  fato  constatado

que a SMS estava acondicionando em um depósito naquele  local o produto pesticida a base

de priretróide de nome comercial CIPERPRAG 250 CE, cujo  ingrediente é a CIPERMETRINA,

pesticida este que adquirido da Empresa Domini Agropecuária Ltda., para uso no trabalho de

controle químico pesado do mosquito Aedes aegypi; 

 

CONSIDERANDO que a Secretaria de Estado de Saúde, por meio dos  técnicos

do Escritório Regional de Saúde, através do Parecer Técnico n.º 001/2009, desautorizaram a

realização de “UBV Pesado” no Município, fazendo-o fundamentadamente tendo como base os

dados epidemiológicos, sociais e ambientais disponíveis, esclarecendo naquela assentada que

a situação  local seria  reavaliada semanalmente  com a  finalidade, em sendo  identificada sua

real necessidade para se proceder ao controle vetorial do mosquito transmissor da dengue, de

liberá-lo ao Município, sempre tendo em foco os indicadores e critérios previstos no Programa

Nacional de Controle da Dengue  (PNCD) e Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle

de Epidemia de Dengue, instituídos tais parâmetos pelo Ministério da Saúde;

 

CONSIDERANDO que o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) tem

como um de seus objetivos a redução da infestação pelo Aedes aegypti, sendo que para sua

maior efetividade e segurança, as ações de combate ao vetor devem ser realizadas seguindo

padrões técnicos definidos;   

 

CONSIDERANDO assim que, a par da necessidade de normalizar as atividades

de UBV Pesado no Estado de Mato Grosso, estabelecendo critérios para eleição das ações

de  controle  químco  como  atividade  complementar  no  controle  de  epidemias  do  agravo

dengue nos municípios do Estado,  foi editada a Portaria n.º 024/2010/GBSES/SES,  levando

em consideração que: 

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO

1.ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Barra do Garças

 

Endereço: Rua Francisco Lira, n.º 962, Setor Sena Marques, Fone: (66) 34011252, CEP 78.600-000, Barra do Garças

 

  a utilização de inseticidas em saúde publica tem por base normas técnicas e

operacionais da Organização Mundial de Saúde (OMS);

 

  é  fundamental  o  uso  racional  e  seguro  dos  inseticidas  nas  atividades  de

controle vetorial;

 

  este  tipo  atividade  tem  como  função  especifica  interromper  a  cadeiade

transmissão e eliminar os adultos do Aedes Aegypt i;

 

  as  Diretrizes  Nacionais  para  a  Prevenção  e  Controle  de  Epidemias  de

Dengue;

 

  a  Nota  Técnica  n.º  41/2006  da  CGPNCD/DIGES/SVS/MS,  que  fornece

informações  sobre  aplicações  de  inseticida  a  Ultra  Baixo  Volume  –  UBV

pesado.

 

CONSIDERANDO que não obstante  esteja o Ultra Baixo Volume  (UBV) pesado

previsto no PNCD como instrumento para o combate à dengue nos períodos epidêmicos, sua

execução deve obedecer a critérios mais rígidos para liberação, de modo que para ter acesso

ao equipamento o município passa por uma análise técnica dentro dos critérios de avaliação,

ficando esta a cargo da Secretaria de Estado de Saúde;

 

CONSIDERANDO que  para  análise  da  utilização  de UBV  pesado  no município

são pré-requisitos, conforme expresamente previsto no art. 2.º,  incs.  I e  II, alíneas  “a”, “b” e

“c”, da Portaria n.º 024/2010/GBSES/SES:  

 

  a solicitação formal do município à Superintendência de Vigilância em Saúde

para a utilização desta atividade e/ou Análise da equipe da Superintendência

de Vigilância em Saúde, formada pela Coordenadoria de Vigilância em Saúde

Ambiental,  Coordenadoria  de  Vigilância  Epidemiológica  e  Centro  de

Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde;

 

  o Município deverá: 

 

- Possuir mais de 240 quarteirões ou 6.000 Imóveis em seu território;

 

-  Estar  no  estrato  de  alerta  (IIP  entre  1,0  a  3,9)  ou  de  risco  de  Infestação

Predial (IIP > 3,9);

 

- Estar com incidência acumulada de 300 casos, por 100.000 habitantes, nos

últimos 12 (doze) meses.

 

CONSIDERANDO que para a operacionalização de Ultra Baixo Volume pesado,

conforme  previsto  no  art.  3.º,  incs.  I,  II,  III  e  IV,  da  Portaria  n.º  024/2010/GBSES/SES,  o

município deverá cumprir com os seguintes requisitos:    

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  estar  com as atividades de  rotina de  campo em dia,  conforme as diretrizes

nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue;

 

  possuir  coleta  de  lixo  regular  e  limpeza  urbana  com  a  apresentação  do

cronograma  das  atividades  contendo  a  periodicidade  do  serviço  e  a

continuidade do mesmo;

 

  registrar, no último ciclo anterior à data da avaliação, 35% (trinta e cinco por

cento)  das  zonas  e  ou  localidades  com  Índice  de  Infestação  Predial  -  IIP

acima  de  3,9%  (três  vírgula  nove  por  cento)  do  levantamento  de  índice  ou

mais  de  35%  (trinta  e  cinco  por  cento)  dos  estratos  elegidos  pelo

Levantamento  de  Índice Rápido  do Aedes  aegypt i  -  LIRAa. Sendo que  a

porcentagem  de  zonas  com  IIP  >  3,9  (três  vírgula  nove  por  cento)  será

calculada através da equação: % de zonas com  IIP> 3,9= Número de zonas

ou localidades com IIP> 3,9 X 100% Número total de zonas ou localidades;

 

  o município deverá apresentar a Taxa de Incidência Semanal (TIS) maior que

300 casos/100.000 habitantes por semana, referente à pelo menos uma das

três semanas anteriores. Sendo calculada através da equação: TIS=Número

de  casos  notificados  por  semana  de  inicio  de  sintomasX  100.000hab.

População residente do município estimada pelo IBGE/corrente ano.

 

CONSIDERANDO que para análise da utilização de UBV pesado no município e

definição dos critérios são levados em consideração:

 

  zona como localidade contendo de 800 a 1.000 imóveis;

 

  a utilização de dados atualizados no Sistema de  informação de Agravos de

Notificação (SINAN) na base Estadual;

 

  os  dados  das  atividades  de  campo  lançados  no Sistema  de  informação  de

Febre  Amarela  e  Dengue  (SISFAD)  na  base  Estadual,  referente  ao  último

ciclo ou semana Epidemiológica;

 

  os  dados  gerados  pelo  Liraa  (Levantamento  de  Índice  Rápido  de  Aedes

aegypt i) quando realizado pelo município.

 

CONSIDERANDO  que  depois  de  atendidos  todos  os  requisitos  da  Portaria  n.º

024/2010/GBSES/SES, a Superintendência de Vigilância em Saúde emitirá Parecer Técnico

favorável  à  utilização  do  UBV  pesado  no município,  sendo  que  para  a  operacionalização

desta atividade, o município deverá:

 

  realizar um mutirão de limpeza em todos os bairros;

 

  realizar  a  pesquisa  entomológica  (com  instalação  de  ovitrampas)  antes,

durante e após a atividade de UBV pesado; 

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  garantir  a  manutenção  das  bombas  acopladas  nos  veículos,  com  a

disponibilização de  insumos para  realização da atividade  (óleo dois  tempos,

óleo para motor a diesel, óleo de freio, filtros, etc.);

 

  fornecer combustível para a atividade (gasolina, diesel e álcool);

 

  disponibilizar recursos humanos (Agentes de Saúde Ambiental, Supervisor de

Campo e outros) para a atividade;

 

  fornecer alimento para as equipes conforme planejamento estadual;

 

  disponibilizar local específico para as operações (estacionamento, lava jato e

preparação de calda) nos horários apontados no planejamento estadual;

 

  assessorar a Coordenação Estadual nas ações de UBV pesado;

 

  realizar a orientação contida no planejamento estadual à população através

dos meios de comunicação, antes de cada ciclo de aplicação do inseticida.

 

CONSIDERANDO  que  autorizada  a  utilização  do  UBV  Pesado  no  município,

ficará a cargo da Secretaria de Estado de Saúde  fornecer ao município o  planejamento da

ação, observados os seguintes itens:

 

  definição da quantidade de ciclos a serem realizados;

 

  planejamento dos horários de aplicação do inseticida;

 

  fornecimento dos Veículos com bombas acopladas na quantidade suficiente à

atividade no município;

 

  equipamentos  de  Proteção  Individual  (EPI)  para  operadores  dos

equipamentos e motoristas;

 

  inseticidas;

 

  óleo vegetal quando necessário;

 

  recursos humanos (motoristas e mecânico do equipamento de UBV pesado);

 

  coordenador da ação.

 

CONSIDERANDO que o controle legal no âmbito do PNCD está relacionado com

o uso de instrumentos jurídicos (leis e portarias) que exigem, regulamentam e/ou restringem

determinadas ações  (FUNASA, 2001b), sendo que para o controle de Aedes aegypti existem

códigos sanitários, leis gerais de saúde, regulamentações e portarias para o controle sanitário

que se aplicam a qualquer programa de controle epidemiológico; 

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CONSIDERANDO que o tratamento  jurídico de inseticidas, máxime no processo

de controle químico de vetores  transmissores de doenças, deve levar em conta os princípios

gerais do Direito Ambiental, de maneira particularmente explícita os princípios da prevenção e

da precaução, uma vez que em matéria de “prevenção sanitária, o risco é o da produção de

efeitos  sabidamente  ruinosos para a saúde. Claramente há obrigatoriedade  legal de  tomada

de cuidados preventivos, estamos pois diante do princípio da prevenção sanitária, pois há a

certeza  das  conseqüências  indesejáveis  e  são  antecipadas  medidas  para  que  elas  não

ocorram.” (Desembargadora Dr.ª Marga Inge Barth Tessler, Vice-Presidente do TRF4ª Região,

no IV Encontro Internacional dos Profissionais em Vigilância Sanitária-ABPVS, em 01-10-2004,

Foz do Iguaçú/PR);

 

CONSIDERANDO que no caso de Barra do Garças, a par do quanto evidenciado,

a Secretaria Municipal de Saúde, desconsiderando o quanto previsto no âmbito da Portaria n.º

024/2010/GBSES/SES,  deu  execução  a UBV  Pesado,  conforme  se  dessume  do Ofício  n.º

039/CVA/SMS/BG/2010, Anexo Fotográfico incluso e Temo de Interdição n.º 08201, da VISA

Estadual;

 

CONSIDERANDO que muito embora o conhecimento formal do teor da Portaria

n.º 024/2010/GBSES/SES, e tendo sido alertada pelo Escritório Regional de Saúde por meio

do Ofício n.º 013/DIR/ERSBG/2010, de que tal operação de controle químico era ilegal e não

recomendada, a Secretaria Municipal de Saúde executou por sua conta e  risco, a ação de

termonebulização de inseticida a Ultra Baixo Volume pesado;      

 

CONSIDERANDO que, segundo os dados do Ofício n.º 013/DIR/ERSBG/2010, a

ilegalidade da ação da SMS de Barra do Garças se deu não só porque não autorizado o UBV

pela SES/MT, mas também porque o Município não preenchia os requistos e critérios para a

operacionalização  e  utilização  da  aludida modalidade  de  controle  químico,  destacados  os

seguintes motivos:

 

  no  dia  05/03/2010  este  Escritório,  o  Coordenador  de  Vigilância  em  Saúde

Ambiental Municipal, Supervisores de Campo e Equipe de Pontos Estratégicos

constataram  in  loco que a  limpeza urbana  (terrenos baldios e vias públicas)

não foi realizada;

 

  o cronograma de atividades contendo a periodocidade do serviço de  limpeza

urbana e a continuidade do mesmo não nos foi apresentado por vossa equipe

municipal no dia 05/03/2010, quando nossa equipe solicitou;

 

  o último ciclo trabalhado (01/01 a 28/02/2010) registrou índice de infestação

predial (IIP) de 1,83% para Aedes aegypti e 0,33% para Ae. Albopictus;

 

  somente  uma  localidade  está  com  IIP  acima  de  3,9%  (São  José),  sendo

2,27% do total daslocalidades existentes (SISFAD);

 

  as taxas de incidência semanal (100.000 habitantes) das três últimas semanas

epidemiológicas  são:  52,8  (semana  08),  109,3  (semana  07)  e  51  (semana

06), não sendo maior que 300 casos por 100.000 habitantes (SINAN NET).  

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO

1.ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Barra do Garças

 

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CONSIDERANDO  que  em  Manaus,  em  abril  de  2001,  o  Centro  Nacional  de

Epidemiologia  (CENEm)  foi  notificado  da  ocorrência  de  cerca  de  30  casos  de  pneumonia

atípica,  sem  diagnóstico  definido,  em  área  urbana  de Manaus,  tendo  sido  apontado  que  a

provável  hipótese  era  de  intoxicação  química  relacionada  a  borrifação  do  inseticida  no

controle do Aedes aegypti, cuja razão da intoxicação decorreu da aplicação da mistura de óleo

diesel e cipermetrina, associada à sua aplicação por equipamento de termonebulização, sendo

certo que restou concluído ao final pela:

 

  interrupção  das  atividades  de  termonebulização  para  controle  do  Aedes

aegypti;

 

  elaboração  de  protocolo  para  realização  de  um  estudo  de  seguimento  dos

casos confirmados;

 

  preenchimento sistemático e com qualidade dos boletins de acompanhamento

das atividades de nebulização espacial;

 

  padronização  da  dosagem  do  inseticida  a  ser  usado  nas  atividades  de

combate  ao  mosquito  da  dengue  através  da  utilização  de  uma  tabela  de

diluição e supervisão da utilização deste;

 

  realização de  treinamento com os aplicadores com garantia de condições de

trabalho (disponibilidade de Equipamento de Proteção Individual – EPI).  

     

CONSIDERANDO que o Município de Barra do Garças, por seu Prefeito Municipal

e Secretária Municipal de Saúde, assinaram Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o

Ministério Público nos autos de Inquérito Civil n.º 008/2009/1.ªPJC/BG/MPE/MT, por meio do

qual se obrigaram a respeitar na execução do trabalho de prevenção e controle da dengue os

componentes preconizados pelo Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), conforme

Manual  de Normas  Técnicas  do Ministério  da  Saúde,  inclusive  no  que  pertine  às  regras  de

combate ao vetor transmissor da doença;

 

CONSIDERANDO que apesar da vinculação do Município de Barra do Garças, por

meio de  sua Secretaria de Saúde, ao Programa Nacional de Controle da Dengue  (PNCD), à

Portaria n.º 024/2010/GBSES/SES e aos termos do TAC n.º 001/2009/1.ªPJC/BG/MPE/MT, as

atividades de UBV Pesado na localidade estavam sendo realizadas sem qualquer comunicação

ao Ministério Público Estadual, que veio a tomar conhecimento do caso por meio de denúncias

anônimas e pela imprensa local;

 

CONSIDERANDO que o UBV Pesado  como modalidade de  controle químico do

vetor  transmissor  da  dengue somente  pode  ser  realizado  dentro  das  diretrizes  do  Plano

Nacional de Controle da Dengue e sob a supervisão e autorização da Secretaria de Estado de

Saúde,  observados  os  requisitos  previsto  na  Portaria  n.º  024/2010,  da  SES/MT, não  se

tratando sua liberação ato fruto da vontade política de um determinado governante ou gestor

de saúde, tratando-se de ato vinculado;   

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1.ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Barra do Garças

 

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CONSIDERANDO que segundo o quanto até então apurado, o fumacê realizado

além  de  não  autorizado,  estava  sendo  feito  sem  critério,  sobretudo  pela  inadequação do

produto, modo de aplicação, condições de segurança e do equipamento utilizado, com grande

risco à população desavisada; 

 

CONSIDERANDO  que  há  em  Barra  do  Garças  forte  pressão  política  por  parte

principalmente de vereadores e da  imprensa  local,  incutindo  falsamente na população que o

“fumacê”  pesado  resolverá  o  problema  da  dengue  no  Município,  ao  passo  que  o  grande

problema detectado é a falta de comprometimento da população com a limpeza de suas casas

e terrenos baldios, com grande acúmulo de criadouros do mosquito da dengue, além da falta

de uma política de limpeza pública urbana por parte do Poder Público;

 

CONSIDERANDO que pesquisas  realizadas na Tailândia demonstraram  redução

da população de adultos de A. aegypti após aplicação do inseticida malation com UBV-pesado,

o  que  resultou  na  recomendação  e  ampla  utilização  do método  no  controle  do mosquito,

principalmente  durante  epidemias  (WHO,  1995).  Entretanto,  a  eficácia  das  aplicações  com

UBV é  relativa. A  cada aplicação grande parte dos  insetos  adultos  é  eliminada  (máximo de

80%), mas não a  totalidade, devido a  fatores  como existência de barreiras  físicas  (árvores,

portas e janelas fechadas), que interferem na penetração do produto nos imóveis (BARATA et

al.,  2001;  FUNASA,  2001b;  WHO,  1997a).  De  um  modo  geral,  os  municípios  brasileiros

utilizam o  tratamento espacial para o bloqueio dos casos de dengue em períodos de surtos

e/ou epidemias, entretanto, apesar de ter efeito rápido, o método não possui nenhum efeito

residual  (FUNASA, 2001a, b; OPAS, 1995; WHO, 1997a). De acordo  com Gubler  (1989), as

aplicações de inseticida com UBV não são confiáveis para prevenir ou controlar epidemias da

doença  (in Avaliação do  controle químico de adultos de Aedes aegypti, UFMG, por Kelly da

Silva Paixão);

 

CONSIDERANDO  que  apesar  das  recomendações  para  restrição  do  uso  de

inseticidas,  estes  têm  sido muito  utilizados,  tanto  na  agricultura  e  agropecuária  quanto  na

área de saúde pública, contribuindo para o aparecimento de populações resistentes, o que é

um problema no controle de vetores (ROSE, 2001). A resistência a inseticidas em artrópodes

tem sido detectada para  todas as classes de  inseticidas, afetando direta e profundamente a

re-emergência das doenças  transmitidas por vetores  (BROGDON & MCALLISTER, 1998b)  (in

Avaliação do controle químico de adultos de Aedes aegypti, UFMG, por Kelly da Silva Paixão); 

 

CONSIDERANDO  que  a  eficácia  das  aplicações  espaciais  com  inseticidas  é

raramente  avaliada,  pois  se  assume  que  um  resultado  satisfatório  é  obtido  quando  as

condições  meteorológicas  são  favoráveis  (REITER  &  GUBLER,  1997)  ou  quando  ocorre

redução  no  número  de  casos  da  doença  (REITER & NATHAN,  2001),  sendo  que  apesar  da

existência  de  trabalhos  que  relacionam  a  redução  do  número  de  casos  de  dengue  à

diminuição  da  população  de  mosquitos  (GIGLIOLI,  1964),  resultados  obtidos  em  vários

estudos  sobre  avaliação  entomológica  após  as  aplicações  contradizem  essa  afirmação,  com

tratamentos tendo pouca significância no bloqueio de transmissão de dengue (CASTLE et al.,

1999; CHADEE, 1985; FOX, 1980; FOX & SPECHT, 1988) (in Avaliação do controle químico de

adultos de Aedes aegypti, UFMG, por Kelly da Silva Paixão);  

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO

1.ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Barra do Garças

 

Endereço: Rua Francisco Lira, n.º 962, Setor Sena Marques, Fone: (66) 34011252, CEP 78.600-000, Barra do Garças

 

CONSIDERANDO que os produtos químicos utilizados para combater e prevenir

a  proliferação  do mosquito  transmissor  da  dengue  podem  ser  tão  prejudiciais  à  saúde  da

população  quanto  a  própria  doença,  segundo  garantem  especialistas.  Crianças,  idosos  e

portadores  de  enfermidades  preexistentes  são  os  mais  suscetíveis  e  correm  o  risco  de

apresentar  complicações nos  sistemas neurológico, endócrino e  imunológico, evidenciado-se

que  sintomas  como  fadiga  muscular  intensa,  reações  alérgicas  e  até  crises  convulsivas

decorrentes da exposição aos inseticidas já foram observados por pesquisadores do Instituto

de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ, sendo certo que dependendo do indivíduo, basta um

único  contato  com  os  produtos  para  o  desenvolvimento  de  problemas  decorrentes  da

intoxicação,  conforme  alerta  a  médica  e  professora  da  área  de  Neurotoxicologia  e  Saúde

Ambiental do Iesc Heloísa Pacheco Ferreira;

 

CONSIDERANDO que que segundo a pesquisas do Iesc, em municípios de Mato

Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Pará, os efeitos provocados por  inseticidas  já  são

considerados  questões  de  Saúde  Pública,  cuja  constatação  cobra  das  autoridade  da  área

seriedade redobrada na utilização do produto;

 

CONSIDERANDO que as ações e os serviços de saúde pública, dado o caráter de

essencialidade e prioridade dessas atividades para a promoção do completo bem-estar físico,

mental e  social da  coletividade,  são de  relevância pública,  competindo, assim, ao Ministério

Público, dentre outras medidas, fiscalizar e exigir o cumprimento das diretrizes constitucionais

e infraconstitucionais do SUS, máxime aquelas previstas no Programa Nacional de Controle da

Dengue e Diretrizes Nacionais para Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue;

 

RESOLVE:

 

INSTAURAR  o  competente  e  necessário  INQUÉRITO  CIVIL  PÚBLICO,  para

averiguação da situação aqui  já  registrada, máxime no que diz  respeito ao descumprimento

do Programa Nacional de Controle da Dengue  (PNCD),  Portaria n.º 024/2010/GBSES/SES  e

Nota Técnica  n.º  41/2006  da CGPNCD/DIGES/SVS/MS,  forte  nas  Leis  pertinentes,  devendo,

para tanto, serem adotadas as seguintes providências:

 

a) Registre-se e autue-se o presente expediente administrativo, numerando-o em

ordem crescente, lançando as anotações necessárias no GEAP, observadas as disposições da

Resolução n.º 010/2007, do CSMP/MT;

 

b) Providencie-se a remessa, por meio eletrônico, de cópia da presente Portaria de

à Corregedoria Geral do Ministério Público (CGMP) e ao Centro de Apoio Operacional (CAOP) e

às Procuradorias de  Justiça Especializadas de Cidadania, de Defesa do Patrimônio Público e

Probidade Administrativa e do Meio Ambiente;

 

c) Providencie-se a remessa de cópia da presente Portaria ao Prefeito Municipal de

Barra do Garças e à Secretária Municipal de Saúde, cobrando-lhes informações e explicações

urgentes sobre o caso; 

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO

1.ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Barra do Garças

 

Endereço: Rua Francisco Lira, n.º 962, Setor Sena Marques, Fone: (66) 34011252, CEP 78.600-000, Barra do Garças

 

d) Providencie-se a remessa de cópia da presente Portaria ao Chefe do Escritório

Regional de Saúde em Barra do Garças e à Superintendente de Vigilância em Saúde da SES,

requisitando-lhes a apuração completa do caso, envolvendo a Vigilância Ambiental, Sanitária,

Epidemiológica, Saúde do Trabalhador, Auditoria e Educação em Saúde, por seus técnicos do

Escritório Regional de Saúde; 

 

e) Providencie-se a remessa de cópia da presente Portaria ao Diretor da ANVISA,

ao Chefe do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, ao Coordenador Nacional

de Combate à Dengue, para conhecimento e intervenção do Ministério da Saúde, adotando as

providências a seu cargo na espécie; 

 

f)  Providencie-se  a  remessa  de  cópia  da  presente  ao Ministério  Público  Federal

(MPF) e ao Ministério Público do Trabalho (MPT), para conhecimento e eventual atuação em

litisconsórcio, em sendo o caso e dês que identificado interesse;

 

g) Providencie-se a remessa de cópia desta Portaria à representante do Ministério

Público da Comarca de Aragarças, em Goiás, para conhecimento;

 

h)  Providencie-se  a  remessa  de  cópia  desta  Portaria  aos  Juízes  da  Comarca  de

Barra do Garças, para conhecimento e divulgação no átrio das respectivas varas, visando dar-

lhe publicidade perante terceiros;

 

i) Providencie-se a remessa de cópia desta ao Procurador Geral de Justiça (PGJ),

uma  vez que os  fatos  aqui noticiados possuem,  em  tese,  relevância  criminal,  envolvendo o

Prefeito Municipal de Barra do Garças, Sr. Wanderley Farias Santos, a Secretária Municipal de

Saúde, Sr.ª Daniela Sallum e seu subordinado, o Chefe da Vigilância Epidemiológica Municipal

de Barra do Garças, pelo cometimento, em tese, dos crimes previstos no art. 15 e 16, ambos

da Lei Federal n.º 7.802, de 11 de julho de 1989 e art. 54 da Lei Federal n.º 9.605, de 12 de

fevereiro de 1998;

 

j) Providencie-se a  remessa de cópia desta Portaria, por distribuição, a uma das

Promotorias de  Justiça Cíveis Especializada na Defesa do Patrimônio Público e da Probidade

Administrativa da Comarca de Barra do Garças, eis que os fatos aqui relatado têm, em tese,

relevância no âmbito da Lei Federal n.º 8.429/92, pela violação, em tese, do art. 11, “caput” e

inc. I, do referido Diploma, violados de maneira particularente explícita o Programa  Nacional

de Controle da Dengue (PNCD) e a Portaria n.º 024/2010/GBSES/SES;

 

k) Providencie-se a remessa de cópia desta Portaria de  instauração à Promotoria

de Justiça Ambiental desta Comarca, cujo titular é o Promotor de Justiça com atuação perante

a 3.ª Promotoria de Justiça Cível, para conhecimento, a par de que violados na espécie, em

tese, importantes princípios gerais do Direito Ambiental, de maneira particularmente explícita

os princípios da prevenção e da precaução, além do princípio da prevenção sanitária, aplicável

não  só  em Saúde Pública  em matéria de  inseticidas, mas  também na  área  ambiental,  para

atuação preventiva e/ou repressiva, eis que há sério risco de que possa a Secretaria Municipal

de Saúde reincidir em tal prática; 

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MATO GROSSO

1.ª Promotoria de Justiça Cível da Comarca de Barra do Garças

 

Endereço: Rua Francisco Lira, n.º 962, Setor Sena Marques, Fone: (66) 34011252, CEP 78.600-000, Barra do Garças

 

l)  Providencie-se  a  remessa  de  cópia  desta  Portaria  de  instauração  ao  TCE/MT,

con a finalidade de verificar a regularidade da aquisição do produto inseticida e equipamento

de termonebulização, notadamente porque no ato da fiscalização não fora apresentada a nota

fiscal do produto e equipamento interditado;

 

m)  Providencie-se  a  remessa  de  cópia  desta  Portaria  de  instauração  ao  IBAMA,

requisitando-lhe  envie  o  resultado  da  vistoria  realizada  em  conjunto  com  a  VISA  Estadual,

Ministério Público é com aquele órgão ambiental, enviando-a também ao INDEA e SEMA, para

conhecimento e eventuais providências a seu cargo;

 

n) Expeça-se Notificação Recomendatoria ao Prefeito Municipal de Barra do Garças

e à Secretária Municipal de Saúde, para que  se abstenham de  reiterar na prática dos  fatos

aqui delimitados, sob pena de propositura de ação civil pública de obrigação de não fazer c/c

pedido de indenização por danos morais difusos;

 

o) Requisite-se da Empresa Domini Agropecuária Ltda., preste informações sobre

a venda do produto (inseticida) à Secretaria Municipal de Saúde de Barra do Garças, devendo,

dentre  outras  coisas,  esclarecer  se  possui  junto  a  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária

(ANVISA) registro para fornecer inseticida para uso específico em atividades de saúde pública,

notadamente no combate ao Aedes aegypti; 

 

p) Registrado e autuado o presente, publique-se a presente mediante afixação no

saguão da sede das Promotorias de Justiça de Barra do Garças, forte no art. 6.º, inc. VI, da

Res. n.º 010/2007, do CSMP/MT, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias;

 

q) Nomeio os servidores Carlos Magno dos Santos Vieira, Marcos Rafael Nogueira

Silva  e  Jacqueline  Silva Mancuso  para,  o  primeiro,  secretariar  os  trabalhos  de  investigação

(v.g., registro, autuação, etc.), e os demais para cumprirem diligências que serão encetados

nos autos de inquérito civil (v.g., notificações, inspeções, vistorias, etc.); 

 

r) Ao depois, venham-me concluso para novas diligências necessárias com vistas à

completa averiguação dos fatos.

 

Publique-se;

Registre-se;

Cumpra-se;

Expeça-se o necessário.

 

Barra do Garças, 19 de março de 2010.

 

MARCOS BRANT GAMBIER COSTA

Promotor de Justiça

 

 

 

 

 

 

 

1

 

 

 

 

CARTILHA DENGUE

 

 

 

SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE 

 

 

CAMPINAS – SP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2

 

 

 

AUTORES:

 

 

 

1. Andrea Paula Bruno von Zuben - COVISA

2. Claudio Castagna – Visa Sudoeste

3. Heloísa Girardi Malavazzi – Visa Sul

4. Jeannette Trigo Nasser – Visa leste

5. Marisa Denardi – Centro de Controle de Zoonoses

6. Ovando Provatti – Visa Norte

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3

 

 

 

Índice

 

Abordagem ao morador  2

Ações Educativas                                          3

Atividade casa a casa  4

Busca Ativa  5

Controle mecânico  6

Controle biológico  8

Controle químico  9

Índice de Breteau  10

Armadilhas  11

Supervisão direta e indireta  12

Pontos de risco  13

Imóveis Especiais  14

Anexo 1  17

Anexo 2  18

Anexo 3  20

Anexo 4  23

Anexo 5  24

Anexo 6  25

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

4

ABORDAGEM AO MORADOR

 

CONCEITO

 

Desenvolvimento de uma conversa de orientação aos moradores e proprietários de imóveis

sobre os cuidados necessários para evitar criadouros do mosquito da dengue nos imóveis sob sua

responsabilidade.

 

OBJETIVO

 

Realizar trabalho educativo sobre controle de dengue de forma clara, trocando informações e

conhecimentos para ganhar a confiança do morador e junto com  o mesmo realizar medidas

preventivas de controle do mosquito.

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

Uniformes: Todos os agentes deverão estar munidos de colete/jaleco que os identifique. 

Crachás: Todos os agentes deverão utilizar crachás em local visível. 

Mochila: Todo agente deverá levar sempre na mochila: vidros para coleta de amostras de larvas,

planilhas da atividade que estarão desenvolvendo, etiquetas para identificação das amostras, lápis,

caneta, borracha, pipetas, coadores para coletar larvas, bacias para coletar água com larvas.

 

COMO FAZER

 

Todo agente ao chegar a um imóvel, deverá se apresentar dizendo seu nome, local de

trabalho e qual o motivo da visita naquele dia de forma clara e educada. O agente deve falar com

velocidade moderada, em tom de voz médio, sem uso de gírias. 

O agente deve procurar ouvir  sobre o conhecimento de dengue da pessoa e, em lugar de

contestar ou contradizer o morador, deve dizer calmamente a base técnica que legitima seu ponto

de vista, criando um clima amistoso na conversa.

Deve solicitar o acompanhamento da visita e que a pessoa fale como executa o trabalho

preventivo para dengue no imóvel e com qual periodicidade. Na necessidade de adoção de medidas

preventivas, o agente deve realizar a demonstração da forma correta, tendo a certeza que o morador

entendeu e se possível pedindo para que realize por conta própria.

 

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

O morador é parte importante do processo de controle da dengue e deve ser um parceiro nas

ações. Ao terminar uma visita, o agente deve agradecer, elogiar se o imóvel estiver livre de

criadouros e explicar que retornará periodicamente e qual a importância de ser recebido a cada

visita.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5

AÇÕES EDUCATIVAS

CONCEITO

 

São todas as atividades realizadas a fim  de levar informações sobre a doença e sua

prevenção à população de determinada região. 

As ações educativas são indicadas  sempre e podem ser realizadas de forma individual

(palestras, oficinas, gincana, barraca educativa) ou concomitante com outras ações desenvolvidas

por exemplo nos arrastões, nas buscas ativas;  imóveis especiais, casa-a-casa e pontos de risco.

OBJETIVO

Interagir com a população transmitindo conhecimentos sobre dengue  de forma  que esta

reveja suas atitudes e valores aprendendo a ter um comportamento preventivo, revertendo em

benefício de sua saúde e da dos outros.

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

Uniformes: Todos os agentes deverão estar munidos de colete/jaleco que os identifique. 

Crachás: Todos os agentes deverão utilizar crachás em local visível. 

 

COMO FAZER

 

• Planeje; 

•  Observe o perfil do público alvo;

•  Use linguagem compatível com o público;

•  Escolha a ação de acordo com o público envolvido;

•  Dimensione o público e escolha local apropriado que proporcione conforto visual, acústico e

térmico;

•  Organize o material necessário com antecedência;

• Seja pontual.

 

O QUE NÂO ESQUECER

 

Quando as pessoas participam ativamente do planejamento e das ações se sentem mais

motivadas a aprender, analisar e avaliar as fontes de informações. Ações deste tipo podem

promover mudança de comportamento com base no conhecimento .

 

• Prever transporte.

 

•  Registrar a ação mediante lista de presença, fotos e filmes sempre que possível.

 

•  Preencher a planilha de atividades educativas (vide anexo).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

6

ATIVIDADE CASA A CASA

 

CONCEITO

 

  Consiste nas visitas realizadas a todos os imóveis de uma determinada área, para

desenvolver ações de controle de criadouros. A periodicidade dessas visitas é bimestral. Esta

atividade é dirigida a todos os  imóveis da área urbana e dos aglomerados rurais, sendo excluídos,

apenas, os pontos de risco e os apartamentos  acima do 1 ° andar de edifícios que segundo

avaliação anterior não apresentem situações favoráveis à proliferação do vetor (muitas plantas

ornamentais em sacadas, piscinas sem tratamento, etc).

 

OBJETIVO

 

  Esta atividade inclui ações de  controle do vetor em todos os imóveis visitados. Tem como

finalidade:

•  orientação aos moradores e proprietários  de imóveis sobre os cuidados necessários para

evitar criadouros de Aedes aegypti nos imóveis sob sua responsabilidade;

•  aplicação das medidas de controle mecânico e uso de produtos caseiros de ação larvicida,

quando necessário;

•  aplicação de larvicida organofosforado ou biológico em todos os recipientes que não possam 

ser eliminados ou protegidos por medidas de controle mecânico.

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

Planilha de vigilância e controle, lápis, mapa da área a ser trabalhada, crachá de identificação,

prancheta, borracha, frasco de 10 mL para coleta de amostra, álcool a 70%, pipetas, coador e bacia

para coletar larvas, além de larvicida biológico (Bti). 

 

COMO FAZER

 

O agente deve motivar o morador a acompanhá-lo no decorrer de toda a vistoria do imóvel

(peri e intradomicílio), discutindo com ele a melhor forma de evitar a existência de cada um dos

criadouros encontrados. Todos os procedimentos deverão ser realizados, sempre que possível na

presença e com a participação do responsável pelo  imóvel. Utilizar produtos como água sanitária,

detergente, sal e saco de lixo,  de preferência fornecidos pelo responsável, pois se pretende que

estes cuidados sejam adotados rotineiramente pelo mesmo. Para tanto, o agente deverá conversar

com o responsável pelo imóvel, sobre as medidas indicadas para cada tipo de recipiente presente,

para adoção das medidas por ele escolhidas.

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

A visita deve ser realizada dentro e fora do domicílio. Visitas que não ocorram desta forma

devem ser anotadas como imóveis pendentes*. 

 

 

 

*Imóvel pendente é todo aquele no qual não foi possível realizar as ações previstas na atividade em

desenvolvimento devido a imóveis fechados, recusas ou ainda imóveis que não foram trabalhados

na integra, ou seja, no peri e intradomicílio. 

 

 

 

 

 

 

7

BUSCA ATIVA

 

CONCEITO

 

São visitas domiciliares realizadas em áreas com casos suspeitos ou confirmados de dengue,

com o objetivo de orientação e inviabilização de criadouros, buscando pessoas com sintomas. 

 

OBJETIVO

 

Detectar transmissão de dengue o mais precocemente possível a partir da notificação de

casos suspeitos e confirmados em área previamente delimitada.

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

Cartão de referência, planilhas e filipetas alertas (anexo).

 

COMO FAZER

 

O agente deve realizar a visita  em cada domicílio da área delimitada e perguntar se nos

últimos 15 dias algum morador teve febre  acompanhada ou não de sintomas tais como dor de

cabeça, dor no corpo, dor atrás dos olhos. Se a resposta for positiva, trata-se de um caso suspeito e

as seguintes perguntas devem ser feitas:

Viajou?   Para onde?       Data de ida:      Data da volta:   

 Recebeu visitas?   De onde?    Onde trabalha?   

  Em que horário?     Onde estuda?     Em que horário?       

  Que locais freqüenta com regularidade?     Em que horário?

 

Anotar todos os endereços para nortear ações de busca ativa nos locais apontados.

Inviabilizar criadouros e verificar no ambiente  nas proximidades do domicílio: existência de

terrenos baldios, pontos de risco e outros locais que possam favorecer a proliferação do vetor. Ao

final dessas ações, preencher a planilha de vigilância e controle, elaborar e encaminhar o relatório

para o supervisor da área.

Em caso suspeito: realizar a busca ativa no quarteirão do suspeito e nas 4 faces frontais a

este quarteirão; no caso de quarteirões atípicos (muito grandes, muito pequenos, sem faces frontais,

em condomínios, em áreas rurais, em estabelecimentos de grande porte), realizar a busca em raio

de 200 metros.

Em  caso positivo: realizar a busca ativa em 9 quarteirões, sendo o quarteirão do caso

positivo centralizado nesta área; no caso de quarteirões atípicos (muito grandes, muito pequenos,

sem faces frontais, em condomínios, em áreas rurais, em estabelecimentos de grande porte),

realizar a busca em raio de 500 metros.

Buscas ativas deverão ser ampliadas conforme novos suspeitos forem encontrados em

campo. Usar o “Cartão de Referência” para encaminhar os novos suspeitos ao Centro de Saúde.

Casas fechadas: uso da “Filipeta-Alerta”.

Listar nomes e endereços de novos suspeitos (pessoas com sintomas de até 15 dias atrás),

com seus deslocamentos (bairro, cidade, estado),  orientando a procurar  o Centro de Saúde. 

Entregar a lista de novos suspeitos à Vigilância do Centro de Saúde assim que acabar a busca ativa.

Concluir o relatório para a supervisão (nome do suspeito, endereço, casas trabalhadas e

pendências, situação dos terrenos baldios e pontos de risco na área da busca ativa) e entregar os

Boletins assim que acabar a busca ativa.

 

O QUE NÃO ESQUECER

Fazer monitoramento dos suspeitos encaminhados junto às equipes de referência para ver se

houve a coleta de sorologia em tempo oportuno.

 

 

8

CONTROLE MECÂNICO

 

CONCEITO

Remoção ou inviabilização mecânica de potenciais criadouros de mosquitos. 

 

OBJETIVO

Controlar a proliferação de mosquitos.

 

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

Saco plástico, picadeira, luva de raspa, viaturas, telas milimétricas, escadas.

 

COMO FAZER 

 

A remoção dos pequenos criadouros é realizada em cada visita, durante o casa-a-casa, pesquisa

larvária do IB, visita de controle do ponto de risco, arrastão e pente fino.

•  Mudar a posição, emborcar criadouros que não  possam ser removidos por serem úteis ao

morador ou muito grandes;

•  Quebrar ou perfurar o criadouro que não possa ser removido, como carcaças e partes de

automóveis, vasos de cemitério, sucatas;

•  Preencher com areia os criadouros naturais e lajes empoçadas;

•  Telar caixas d’água abertas e/ou quebradas e tambores de água potável.

•  Remover pneus das borracharias e destiná-los ao Departamento de Limpeza Urbana.

 

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

Criadouros secos também precisam ser inviabilizados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

9

ARRASTÃO

 

CONCEITO

São visitas domiciliares realizadas em áreas de risco para  a proliferação do Aedes aegypti

(área com IB alto ou elevado número de criadouros) ou áreas com casos suspeitos ou confirmados,

com o objetivo de orientação e inviabilização de  criadouros, incentivando os moradores a se

desfazerem de materiais inservíveis (sobretudo aqueles que possam servir de criadouro para o

mosquito). 

 

OBJETIVO

Ação de extrema importância para a redução da oferta de criadouros ao mosquito e do

aparecimento de outros animais vetores de doenças (como ratos) e animais peçonhentos

(escorpiões, por exemplo), diminuindo desta forma o risco de acidente.

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

Saco plástico, luva de raspa e caminhão ou viatura.

 

COMO FAZER

Promover a divulgação do arrastão/cata criadouro na semana anterior, por meio de

comunicação casa a casa, com o uso de filipetas de informação sobre a atividade, junto às

associações de moradores, conselho local de saúde,  jornais do bairro, rádios comunitárias, entre

outros.

 

O QUE NÃO ESQUECER

Registrar o trabalho em Boletim de Vigilância e Controle no momento em que acessar a

residência.

 

Encaminhar os Boletins aos supervisores da área quando a atividade for finalizada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

10

 

CONTROLE BIOLÓGICO

 

CONCEITO

 

Controle das formas larvárias do mosquito pelo emprego de outros seres vivos.

 

OBJETIVO

 

Tratamento focal, para controlar a proliferação de mosquitos em criadouros não removíveis.

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

•  BTI (esporos da bactéria Bacillus thuringiensis israelensis, que infectam e matam as larvas),

em formulação granulada (BTI GR), BTI WDG para água potável e líquida.

•  Peixes que se alimentam de larvas de insetos, como guarus e betas.

 

COMO FAZER

 

Em criadouros não removíveis e não esgotáveis como caixas d’água, reservatórios de água

potável, bebedouros de animais, espalhar uniformemente BTI WDG na proporção de 0,5g para até

250 litros

Em piscinas desativadas, poços de elevador, espelhos d’água, bebedouros de gado, tanques,

construções inundadas e outros grandes criadouros não removíveis, exceto os destinados ao

consumo humano de água, colocar  4 guarus, 1 macho  e 3 fêmeas em cada 50 litros, ou 1 beta

macho para cada 4000 litros.

 

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

O BTI WDG deve ser aplicado com intervalos de 10 dias nos criadouros com água potável.

O BTI líquido tem uma persistência maior, devendo-se repetir a aplicação mensalmente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

11

CONTROLE QUÍMICO

 

CONCEITO

 

Consiste na aplicação de produtos químicos  para controlar a proliferação de mosquitos. O

tratamento pode ser:

•  Focal: controle de larvas através do uso do larvicida organofosforado de baixo poder residual

e baixa toxicidade (temephos) em criadouros não removíveis com água e que não podem ser

virados ou furados;

•  Perifocal: uso do larvicida organofosforado de ação residual (fenitrothion) em criadouros não

removíveis secos ou com água que não sofram manipulação, como as carcaças de

automóveis, sucatas, pneus, tanques e tambores secos, com o objetivo de controlar e

prevenir o aparecimento de larvas por tempo mais prolongado;

•  Nebulização: pulverização com equipamento de  ultrabaixo volume do espaço aéreo intra e

peridomiciliar das residências localizadas próximas de um caso de  dengue, suspeito ou

positivo, utilizando-se inseticida organofosforado (malathion), com o objetivo de controlar o

mosquito adulto, alado, bloqueando a transmissão do vírus.

 

 

 

OBJETIVO

 

Diminuir infestação de mosquitos em áreas com transmissão de dengue

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

•  Bisnaga para aplicação de  temephós, bomba de compressão prévia para aplicação de

fenitrothion, bomba nebulizadora UBV para aplicação de malathion. 

•  Equipe treinada para tratamento perifocal e para nebulização com 1 bomba e 3

desinsetizadores.

• .

 

COMO FAZER

 

•  Focal: adicionar quantidade de acordo com a capacidade do recipiente e não do volume de

água existente no momento da aplicação (tabela anexa).

• Perifocal:  o equipamento usado nesse tipo de tratamento é o pulverizador manual de

compressão prévia.

•  Nebulização: realiza-se remoção e inviabilização de criadouros nos dias imediatamente

anteriores Os agentes divulgam com antecedência a nebulização, informando ao morador a

forma de preparação do imóvel. Nebulizam-se residências dentro de um raio de 300m ao

redor de um caso de dengue. O planilhamento da ação é feito pela equipe de

desinsetizadores.

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

O controle químico é  ineficaz se não forem adotadas as medidas de controle mecânico em

toda a área trabalhada.

Fatores meteológicos importantes, como ventos com alta velocidade, chuvas e altas

temperaturas diminuem a eficácia da nebulização.

Evitar a presença de pessoas estranhas no local durante a realização dos trabalhos.

 

 

 

12

PONTOS DE RISCO (PR)

 

CONCEITO

 

São imóveis com grande probabilidade de infestação por  Aedes aegypti,  seja devido à

presença de grandes quantidades de recipientes (borracharias, depósitos de pneus usados, sucatas,

oficinas de desmanche, oficinas mecânicas, funilarias, cemitérios, garagens de ônibus e caminhões),

ou ainda por serem possíveis  portas de entrada de mosquitos oriundos de outras localidades

(transportadoras, terminais de ônibus, aeroportos, portos).

  A lista de ramos de atividades definidas como pontos de risco é apresentada em anexo.

 

OBJETIVO

 

As vistorias periódicas aos pontos têm como  objetivo eliminar ou reduzir os focos de

infestação através de ações de controle integrado sobre os criadouros existentes. Em alguns casos

haverá necessidade de utilização de tratamento focal e perifocal.

 A classificação de risco dos pontos permite também priorizar o número de vistorias ao longo

do ano.    

•  Alto risco (a partir de 130 pontos) – vistoria quinzenal.

•  Médio risco (de 80 a 129 pontos)  - vistoria quinzenal

•  Baixo risco (de 40 a 79 pontos) – vistoria mensal

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

♦ Mochila; boletim de avaliação e cadastro;  guias de orientação sanitária carbonadas;

folhetos educativos; lápis e borracha; prancheta; frascos e etiquetas para coleta de larvas;

fita crepe; pipeta, coador e bacia; lanterna; picadeira; escada.

♦  1 agente / ajudante para cada 50 pontos de risco.

♦  Passes para deslocamento do agente / ajudante.

♦  Veículo para transporte da equipe responsável pelos pontos de alto risco.

 

COMO FAZER

 

•  Solicitar o acompanhamento da visita,  explicando a execução do trabalho e a

periodicidade. Na necessidade de utilizar medidas para controle de criadouros, realizar

demonstração explicativa e solicitar ao responsável que dê continuidade por conta própria.

•  Uso de tratamento perifocal e/ou focal se as demais medidas não surtirem efeito. 

•  Na primeira visita ao local realizar o cadastramento no boletim de Avaliação e Cadastro de

Pontos de Risco.

•  Realizar a pesquisa larvária de acordo com o número de criadouros existentes (tabela em

anexo).

•  Preencher a Guia de Orientação Sanitária em duas vias (uma delas entregue ao

responsável pelo local).

•  A cada retorno ao local preencher a guia de orientação sanitária e atualizar a pontuação

tendo como referência o boletim de cadastro. 

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

♦  Preencher de forma completa a Guia de Orientação Sanitária.

♦  As datas combinadas para retorno ao ponto.

♦  Se ao retornar o agente verificar que  nenhuma solicitação sua foi realizada e havendo

necessidade da utilização de tratamento focal e/ou perifocal solicitar a ViSA de referência a

autuação do ponto. 

 

13

IMÓVEIS ESPECIAIS (IE)

 

CONCEITO

 

  São imóveis não residenciais de médio e grande porte importantes na disseminação do vírus

da dengue, em situações de transmissão da doença, em função do grande fluxo e/ou permanência

de pessoas.

  A lista de tipos de imóveis definidos como especiais é apresentada em anexo.

 

OBJETIVO

 

  As vistorias periódicas aos imóveis especiais têm como objetivo controlar a proliferação de

Aedes aegypti nesses locais, reduzindo o risco de transmissão e disseminação dos vírus da dengue

no município.

A classificação de risco dos pontos permite também priorizar o número de vistorias ao longo

do ano.    

•  Alto risco (a partir de 129 pontos) – vistoria mensal

•  Médio risco (de 90 a 129 pontos) - vistoria mensal.

•  Baixo risco (de 55 a 89 pontos) – vistoria a cada dois meses.

•  Não classificado como IE: até 54 pontos.

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

♦ Mochila; boletim de avaliação e cadastro de  imóveis especiais; guias de orientação

sanitária carbonadas; folhetos educativos; lápis e borracha; prancheta; frascos e etiquetas

para coleta de larvas; fita crepe; pipeta, coador e bacia; lanterna; picadeira; escada.

♦  1 equipe (1 dupla de agentes ou ajudantes) para cada 40 imóveis especiais.

♦  Passes para deslocamento da equipe.

 

COMO FAZER

 

•  Procurar agendar a visita, com solicitação  da  presença  de  pelo  menos  um dos

responsáveis pelos cuidados em cada IE,

• Solicitar o acompanhamento da visita, explicando a execução do trabalho e a periodicidade.

Na necessidade de utilizar medidas para controle de criadouros, realizar demonstração

explicativa e solicitar ao responsável que dê continuidade por conta própria

•  Em IEs com amplas áreas externas, vistoriar um raio de 100 metros em torno das edificações.

•  Na primeira visita ao local realizar o cadastramento no boletim de Avaliação e Cadastro  de

Imóveis Especiais.

•  Realizar a pesquisa de larvas separadamente para cada recipiente (não fazer “pool”).

•  Preencher a Guia de Orientação Sanitária em duas vias (uma delas entregue ao responsável

pelo local).

•  A cada retorno ao local preencher a guia de orientação sanitária e atualizar a pontuação tendo

como referência o boletim de cadastro. 

 

 

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

♦  Preencher de forma completa a Guia de Orientação Sanitária.

♦  As datas combinadas para retorno ao imóvel e se neste retorno o agente verificar que

nenhuma solicitação sua foi realizada, solicitar a ViSA de referência a autuação do imóvel.

 

 

14

RAMOS DE ATIVIDADES DOS PONTOS DE RISCO

 

1)  Borracharia, depósito de pneus, recauchutadora

 

2)  Ferro-Velho, oficina de desmanche, material reciclável

 

3)  Posto de gasolina, troca de óleo

 

4)  Oficina mecânica, funilaria

 

5)  Loja e depósito de material de construção

 

6)  Depósito de bebidas e garrafas

 

7)  Garagem de carros, ônibus e transportadora

 

8)  Estação rodoviária e ferroviária

 

9)  Porto e aeroporto

 

10)   Armazém, silo e entreposto

 

11)   depósito de container

 

12)   construção e canteiro de obras

 

13)   cemitério

 

14)   floricultura, viveiro de mudas

 

15)   indústria

 

16)   outros

 

TABELA PARA PESQUISA LARVÁRIA E CONTROLE EM PONTOS DE RISCO

 

Nº de criadouros existentes   Tipo de conduta

Menos de 300

 

 

Vistoria de todos os recipientes e pesquisa

daqueles com água, orientação, ações de

vigilância sanitária, controle mecânico/outras

medidas alternativas complementadas, se

necessário, pela aplicação focal quando do

encontro de larvas.

Mais de 300

Vistoria de no mínimo 300 recipientes e

pesquisa daqueles com água, orientação,

controle mecânico/outras medidas alternativas,

ações de vigilância sanitária, complementadas,

se necessário, pela aplicação focal quando do

encontro de larvas. A aplicação perifocal

quando do encontro de larvas de Ae. aegypti

será associada à aplicação de auto penalidade

multa pela ViSA e ou CCZ.

 

 

 

15

ÍNDICE DE BRETEAU

 

 

CONCEITO 

 

Avaliação periódica da densidade larvária em uma determinada área, num tempo delimitado,

consistindo de visita domiciliar e coleta de larvas de todos os criadouros encontrados nos imóveis

incluindo a  inviabilização dos mesmos.

 

 

OBJETIVO

Avaliar os níveis de infestação das várias  áreas do município, bem como, identificar os

criadouros disponíveis e utilizados pelo  Aedes aegypti e nortear o desenvolvimento de ações de

controle e educativas. 

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

Boletim de avaliação de densidade larvária,  lápis, mapa da área a ser trabalhada, crachá de

identificação, prancheta, borracha, frasco, coador, bacia e pipetas para coletar larvas.

 

COMO FAZER

 

Deve ser feito bimestralmente conforme  calendário pré-determinado pela VISA. Os

quarteirões e imóveis que compõem a amostra são sorteados aleatoriamente por computador, não

podendo haver qualquer interferência nesse processo de escolha, de tal modo a não prejudicar a

confiabilidade do Índice de Breteau. Em cada edificação trabalhada, realizar a vistoria completa do

imóvel (intra e peridomicílio) e a pesquisa larvária de todos os recipientes que contenham água e

não estejam adequadamente vedados. Utilizar para registro das informações o Boletim de Avaliação

de Densidade Larvária

A coleta das amostras de larvas deverá ser  realizada separadamente  para cada recipiente

através da utilização de pipetas plásticas. Acondicionar as larvas em frascos e adicionar álcool 70%,

totalizando no máximo 20 larvas em cada frasco  (esse limite foi estabelecido para agilizar a

operacionalização da pesquisa e o  exame laboratorial, pois o ideal  seria coletar todas as larvas

existentes nos recipientes, para evitar que  recipientes contendo larvas sejam eventualmente

considerados negativos). A seqüência de amostras termina quando termina o quarteirão

 

Para calcular o Índice de Breteau usa-se a seguinte fórmula:

 

IB =                    recipientes positivos                 X 100

imóveis pesquisados

 

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

A pesquisa larvária deve ser feita em  todos os recipientes que contenham água no intra e

peridomicílio. Nunca misturar larvas de mais  de um recipiente numa amostra, mesmo que os

recipientes sejam do mesmo tipo (não realizar pool).

 

 

 

 

 

 

16

ARMADILHAS

 

CONCEITO/ OBJETIVO  

 

Armadilhas são dispositivos  instalados para exercício de  vigilância entomológica, em

municípios nos quais ainda  não se encontrou o mosquito  Aedes aegypti, ou para avaliar a

intensidade de sua presença em áreas previamente infestadas. Compõe-se de um criadouro

atraente ao mosquito  Aedes  aegypti que ali depositará seus ovos.  A avaliação deve ser feita

semanalmente para identificar ovos depositados em suporte parcialmente submerso (ovitrampa) ou

larvas na água (larvitrampa).

 

MATERIAS NECESSÁRIOS

 

Paleta e pneu cortado ao meio preso por  alça de arame e agentes em número

correspondente ao total de  armadilhas instaladas (ideal 20 armadilhas por agente).

 

COMO FAZER

 

Armadilhas do tipo larvitrampa:

   Devem ser colocadas sempre no lado externo, em áreas de maior risco de introdução ou

proliferação do mosquito: borracharias, depósitos de ferro-velho, terminais de carga de ônibus,

cemitérios, etc. São instaladas à distância de 400 metros entre si, apoiadas no solo ou no máximo

com sua base à altura de meio metro. Quando for necessário pendurá-la, utilizar uma alça de arame.

São construídas com pneus cortados ao meio e dispostas estrategicamente em locais sombreados,

úmidos, com água parada, enfim, atrativos para a  fêmea do mosquito. Deverão ser claramente

identificadas com tinta a óleo branca – “Armadilha”. Uma vez instaladas, devem receber 2 litros de

água de torneira.

Devem ser inspecionadas semanalmente, para  evitar transformação em mosquitos adultos.

Todas as larvas e pupas encontradas devem ser coletadas e a água deve ser reposta para manter o

nível original.

Após o diagnóstico laboratorial das larvas, se forem encontradas larvas de Aedes aegypti,

retornar ao local no prazo de 5 dias para remoção  dos ovos: lavar com escova e álcool etílico e

então repor a água. Dessa forma, inicia-se a delimitação de foco e as atividades de controle.

 

Armadilhas do tipo ovitrampa:

Compõem-se de uma paleta (por exemplo,  uma tira de madeira com 3x10cm) que é

parcialmente submersa na água e que deve ser coletada e inspecionada semanalmente. Os ovos

obtidos devem ser eclodidos em água no laboratório e as larvas podem então ser identificadas.

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

O cadastro dos locais onde estão situadas as  armadilhas deve ser mantido atualizado e a

visita as mesmas realizada em tempo hábil.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

17

SUPERVISÃO DIRETA E INDIRETA

 

CONCEITO

 

É a atividade que, juntamente com o treinamento, visa a capacitação continuada dos recursos

humanos envolvidos num determinado trabalho. 

As supervisões poderão ser diretas ou indiretas.

A supervisão direta é aquela que proporciona o contato entre o supervisor ou técnico da

VISA que acompanhará os supervisionados nas atividades de campo. A supervisão direta visa

detectar falhas que o supervisionado possa cometer, por falta de informação, deficiência de

treinamento ou procedimentos já esquecidos na rotina do dia-a-dia, devendo ser corrigidos durante o

trabalho.

Na supervisão indireta não há contato entre supervisionado e supervisor, pois este último irá

avaliar as atividades após sua realização.

 

OBJETIVO

 

Controle do trabalho dos agentes de campo, detecção das causas de um possível

desempenho insuficiente, para buscar formas de atuar sobre elas conjuntamente com o pessoal

supervisionado. Dentro desse processo, a supervisão é um importante instrumento, não só para a

melhoria mas também para promover o aprimoramento da atividade desenvolvida.

Sempre que necessário e nas diversas atividades de combate a dengue, os supervisores e

técnicos da Vigilância em Saúde (VISA) poderão fazer  supervisões nas atividades desenvolvidas

pelos agentes. 

 

RECURSOS NECESSÁRIOS

 

Viatura para deslocamento do supervisor e planilhas devidamente preenchidas.

 

COMO FAZER

 

Na supervisão direta, o supervisor deve ir anotando em planilha apropriada vários itens, tais

como: apresentação do agente, presença de uniforme/crachá/material de campo, verificação das

informações passadas pelo agente sobre criadouros, sintomas da doença, controle mecânico de

recipientes, medidas alternativas, etc..

 

A  supervisão indireta  será feita por meio da avaliação de boletins com visitas aos locais

trabalhados, principalmente para obter informações junto  à população sobre o trabalho do

supervisionado, incluindo as orientações por ele passadas. De posse da planilha realizada pelo

agente, o supervisor sorteia alguns endereços e faz a supervisão indireta.

 

O QUE NÃO ESQUECER

 

Deve haver o preenchimento correto e completo das planilhas para que não ocorram dúvidas

durante as supervisões. Em todas as planilhas relativas ao trabalho de controle da dengue, o agente

deverá colocar o primeiro nome do morador que o atendeu para que se possa identificar quem foi a

pessoa que o recebeu.

 

 

 

 

 

 

 

 

18

 

 

 

PREFEITURA MUNICIPAL DE CAMPINAS 

 

 

    AVALIAÇÃO  E  CADASTRO  DE  PONTOS DE RISCO

 

DISTRITO   _________

 

ÁREA  ____  SETOR _______  QUARTEIRÃO  _____________  CADASTRO ______________

 

 

1- NOME DA FIRMA:______________________________________________   (       ) PÚBLICA      (       ) PRIVADA

   RAMO DE ATIVIDADE:_____________________ENDEREÇO:__________________________________________        

   BAIRRO:______________________ Setor Censitário ___________________  ÁREA TOTAL(M²) ___________

   PESSOA P/ CONTATO: _______________________________   TELEFONE______________________________

 

2- Ramo de atividade do imóvel:

 

(       )  Borracharia, depósito de pneus usados, recauchutadora, depósito de sucatas de veículos e/ou

equipamentos e/ou desmanche, obras paradas  (20 ptos) 

 

(       )  Depósito de materiais recicláveis, cemitério (10 ptos)    

 

(       )  Depósitos de material de construção, bebidas/garrafas, pátio com container, floricultura, viveiro

de mudas, oficina mecânica, funilaria / pintura, indústria (5 ptos) 

(   )  Transportadora, garagens de  ônibus/ carros/ caminhões, portos e aeroportos para transporte

doméstico, estações rodoviárias, ferroviárias, marinas... (0 ptos)

 

2.1 Número de recipientes em condições que possibilitam acúmulo de água: 

 

(   ) Qualquer número de recipientes, desde que a inviabilização e/ou remoção sejam     

imediatas ou, quando não imediata, menos de 20 recipientes (0 ptos) 

 

 

 

 

Quantidade

existente de

recipientes

Até 300 recipientes

1pto para cada 10

recip

Para o que exceder 300

recipientes

1pto para cada 15 recip

Total

(máximo 100

ptos)

Até 300

 

   

Mais de 300

 

   

 

 

 

 

 

19

 

2.3 Rotatividade de recipientes para outros imóveis (importância para dispersão passiva): 

 

(      ) sem previsão de rotatividade; ou qualquer período superior a 1 semana, quando o destino for

para imóvel onde haverá a inviabilização imediata (0 ptos)

(      ) mais de 3 meses, quando o destino for para estocagem   (10 ptos) 

(      ) de 1 a 3 meses, quando o destino for para estocagem  (20 ptos)

(       ) menos de 1 mês, quando o destino for para estocagem  (30 ptos)

 

2.4 Adoção de cuidados pelo responsável:

 

(       ) Cuidados abrangendo todos os recipientes e suficientes para evitar proliferação de larvas (0

ptos).

(    ) Cuidados abrangendo parte dos recipientes e/ou cuidados não suficientes para evitar proliferação

de larvas (20 ptos).

(       ) Sem nenhum cuidado significativo (40 ptos).

 

 

 

CLASSIFICAÇÃO:

 

APÓS AVALIAÇÃO, O IMÓVEL FOI CADASTRADO COMO PR?   

 

 (       ) SIM      (       )  NÃO

 

PONTUAÇÃO ACUMULADA: _________     CLASSIFICAÇÃO DE RISCO : ________

 

SITUAÇÃO DE FUNCIONAMENTO (PREENCHIMENTO PELO SUPERVISOR)

 

   

   (       ) Excluído do cadastro de PRs em ___/___/___ , pela melhoria das condições sanitárias.

 

   (       ) Excluído do cadastro de PRs em ___/___/___ , por ter encerrado suas atividades.

 

 

 

 

 

Preenchido por: __________________________________Data:__________________

 

Revisado por: ___________________________________Data:__________________

 

Digitado por:____________________________________Data:___________________

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

20

 

 

 

PREFETURA MUNICIPAL DE CAMPINAS

Distrito de Saúde_____________________

                           Endereço____________________________________________

 

 

GUIA DE ORIENTAÇÃO SANITÁRIA

 

Área_______ Equipe_____ Quadra___________ Cadastro_______________________Data____/____/____

 

Empresa:___________________________________________CNPJ/CPF____________________________

Ramo de atividade:_______________________________________________________________________

Endereço:_______________________________________________________________________________

Fica o (a) Sr. (a) ______________________________________ ciente de que foram encontrados em seu

estabelecimento criadouros do mosquito transmissor da dengue, trazendo riscos para sua saúde, de seus funcionários e

de toda comunidade vizinha. No caso de encontrarmos novamente o problema, outras medidas administrativas serão

tomadas.  Esperamos a sua colaboração no sentido de resolver o problema, tomando as seguintes providências:

 

□ Estabelecimento sem criadouros.

□  Manter pneus em locais cobertos, abrigados da chuva ou cortados.

□  Manter os pratos de vasos sempre furados ou com pratos justos.

□  Manter os tambores tampados, de boca para baixo ou em local coberto.

□  Manter as caixas d’água limpas, bem tampadas ou vedadas com telas.

□  Manter piscinas, calhas e ralos sempre limpos.

□  Guarde garrafas de boca para baixo e materiais recicláveis em local coberto.

□  Fure carcaças de veículos que estiverem fora de cobertura.

□  Não Mantenha plantas conservadas em água.

 

Outras observações:____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

 

    Controle:

1- Mecânico: ______________________________________________________________________

2-  Químico:  ______________________________________________________________________

3- Biológico: ______________________________________________________________________

 

Tipos de criadouros com larva:

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

 

Pesquisa larvária: Amostras [  ] sim       [  ] não      Resultado:______________________________________

 

Prazo para adequações: _______ dias                                                       Retorno_______________________

 

Assinatura do responsável: _________________________   Responsável pela vistoria________________

 

Pontuação: __________________                        Visto do supervisor: _______________________________

 

Visto Digitação: _________________________                            Data da digitação: ______/______/______

 

 

21

 

Ficha de AVALIAÇÃO E CADASTRO DE IMÓVEIS ESPECIAIS 

 

DISTRITO   _________

 

ÁREA  ____  SETOR _______  QUARTEIRÃO  _____________  CADASTRO ______________

 

 

1- NOME DO IMÓVEL:______________________________________________   (       ) PÚBLICO     (       ) PRIVADO

   RAMO DE ATIVIDADE:_____________________ENDEREÇO:__________________________________________        

   BAIRRO:______________________ Setor Censitário ___________________  ÁREA TOTAL(M²) ___________

   PESSOA P/ CONTATO: __________________________TELEFONE___________________E-mail_______________

 

2. Informações adicionais para operacionalização do trabalho:

2.1 Dia(s) da semana para vistoria:___________________________ Horário________________

2.2 Existência de áreas de difícil acesso para vistoria (   ) não  (   ) sim

 Forma de acessar______________________________________________________________

2.3 Necessidade de escada (   ) não (   ) sim, tipo__________________________________

2.4 Necessidade de EPIs para trabalho em altura:  (   ) não   (   ) sim 

3. Aspectos para avaliação da importância. 

 

3.1 Ramo de atividade:

(   ) Hospitais, Serviços de Pronto Socorro, Ambulatórios, Unidades Básicas de Saúde. (50 ptos)

(   ) Estabelecimentos de Ensino, Penitenciárias e Delegacia de Polícia. (35 ptos) 

(   )  Hotéis, Colônias de Férias (15 ptos)

(   ) Asilos, Quartéis, Conventos, Seminários.  (10 ptos)

(   ) Templos Religiosos, Teatro, Centros Esportivos e/ou Culturais, Shopping Center, Hipermercado,

Outros Imóveis Comerciais e Industriais de Grande Porte, Campos de Futebol, Zoológico, Clubes,

Parques, Cidade Universitária, Outros. (0 ptos).

 

3.2 Número médio diário de pessoas que permanecem e/ou circulam no local: 

 

(   ) acima de 2000 (40 ptos)

(   ) de 1000 a 2000 (30 ptos)

(   ) de 300 a  999 (20 ptos)

(   ) menos de 300 (5 ptos)

3.3 Área construída coberta, não climatizada, até o 1ºandar:

(   ) mais de 10.000 m2

(40ptos)

   

 

(   ) de 5000 a 10.000 m2

(30ptos) 

(   ) de 5.000 a 2000 (20 ptos)

(   ) menos de 2.000 (0 ptos)

    

 

 

22

 

3.4 Adoção de cuidados pelo responsável:

 

(   ) Cuidados abrangendo todos os recipientes e suficientes para evitar proliferação de larvas(0 ptos)

(   ) Cuidados abrangendo parte dos recipientes e/ou cuidados não suficientes para evitar proliferação

de larvas (30 ptos)

(    ) Sem nenhum cuidado significativo (50 ptos)

 

 

 

CLASSIFICAÇÃO:

 

APÓS AVALIAÇÃO, O IMÓVEL FOI CADASTRADO COMO IE?  

 

 (       ) SIM      (       )  NÃO

 

PONTUAÇÃO ACUMULADA: _________     CLASSIFICAÇÃO DE RISCO : ________

 

 

SITUAÇÃO DE FUNCIONAMENTO (PREENCHIMENTO PELO SUPERVISOR)

 

   

   (       ) Excluído do cadastro de IE em ___/___/___ , pela melhoria das condições sanitárias.

 

   (       ) Excluído do cadastro de IE em ___/___/___ , por ter encerrado suas atividades.

 

 

 

 

 

Preenchido por: __________________________________Data:__________________

 

Revisado por: ___________________________________Data:__________________

 

Digitado por:____________________________________Data:___________________

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

23

RECIPIENTE  RECOMENDAÇÕES/CUIDADOS 

Pratos de vasos de plantas e

flores c/ terra 

Ø      Eliminar os pratos, principalmente os localizados na área

externa. 

Ø       Utilizar  pratos  justapostos. Substituir pratos, por outros

menores justapostos, remanejando os já existentes. 

Ø      Furar os pratos. 

Ø      Emborcar os pratos sob os vasos. 

Ø      Adicionar areia nos pratos (ver orientação). 

Ø      Eliminar a água acumulada nos pratos depois de regar as

plantas, e de preferência, também escovar os pratos e a

parede externa dos vasos. 

Vasos de plantas e flores c/

água 

Ø      Colocar a planta em vaso com Terra. Lavar e guardar o

antigo vaso emborcado, ou seco ao abrigo da chuva. 

Ø      Trocar a água 2 vezes  por semana e, de preferência

escovar a parede interna dos vasos e lavar com água

corrente as raízes das plantas. 

Ø      Floreiro: remover as flores e trocar a água 2 vezes por

semana e, de preferência,  lavar o vaso. 

Ø      Plantas em água para criar raiz: vedar a boca do vaso com

algodão, tecido ou papel alumínio, ou trocar a água 2 vezes

por semana e, de  preferência, lavar o vaso. 

Pingadeira   Ø      Eliminar as pingadeiras, principalmente as localizadas em

área com piso frio ou terra. 

Ø      Adicionar areia até a borda. 

Ø      Colocar ½ colher (sopa)  de sal, toda vez que esvaziar a

pingadeira. 

Ø      Eliminar a água acumulada nas pingadeiras depois de

regar as plantas, e de preferência escovar a pingadeira. 

Material Inservível (latas,

garrafas de vidro ou plástico,

potes de iogurte, margarina

ou maionese, calçados e

brinquedos velhos, etc.) 

 Ø      Colocar no cesto ou saco de lixo, para a coleta rotineira da

Limpeza Pública. 

Pneus   Ø      Secar e guardar secos em local coberto. 

Ø      Quando precisarem permanecer ao relento, tratar com sal 

(1 copo cheio). 

Ø      Retirar do imóvel, entregando-os em pontos de coleta de

pneus, ou agendando seu recolhimento pela Prefeitura

Municipal. 

Ø      Furar, no mínimo em 6 pontos eqüidistantes, mantendo-os

na posição vertical. Quando utilizados para balanço, é

suficiente um único orifício no seu nível mais baixo. 

Garrafas de vidro retornáveis

ou outras inclusive de

plástico de utilidade para o

responsável pelo imóvel 

Ø      Secar e guardar, em locais cobertos e de preferência

emborcados ou tampados. 

Ø      Se ao relento, emborcar ou tampar, especialmente as de

plástico.  

 

24

Cacos de vidro no muro   Ø      Quebrar os gargalos e fundos de garrafas e/ou colocar

massa de cimento, nos locais que acumulem água. 

Caiaque e Canoa   Ø      Secar e guardar em local coberto, ou caso precisem ficar

ao relento, guardá-los virados para baixo. 

Ocos de árvore e cercas de

bambu 

Ø      Cortar o bambu na altura do nó. 

Ø      Preencher os ocos com massa de cimento, terra ou areia. 

Caixa d’ água   Ø      Manter sempre tampada ou pelo menos telada, enquanto

estiver sendo providenciada a tampa, e de preferência

realizar sua limpeza. 

Filtros ou Potes d’ água   Ø      Manter bem tampados, e sempre que não ficarem bem

vedados, cobrir com um pano embaixo da tampa, pires ou

prato. 

Calhas   Ø      Manter sempre limpas, desentupidas e sem pontos de

acúmulo de água (limpeza periódica, poda de árvores,

nivelamento adequado). 

Lajes   Ø      Manter sempre limpas, com os pontos de saída de água

desentupidos, e sem depressões que permitam acúmulo de

água (limpeza periódica, poda de árvores, nivelamento com

massa de cimento ou temporariamente com areia). 

Ralo de esgoto sifonado sem

uso diário. 

Ø      Utilizar ralo com tampa “abre-fecha” nas áreas internas. 

Ø      Telar ou tampar com algum objeto. 

Ø      Adicionar água sanitária ou qualquer outro desinfetante

(1/3 de copo), sabão em pó ou detergente semanalmente. 

Ralo de pia, lavatório e

tanque sem uso freqüente. 

Ø      Tampar com tampa apropriada (telada). 

Ralos e canaletas de

drenagem para água de

chuva (subsolo e áreas

externas) com caixa para

acúmulo de areia. 

Ø      Telar. 

Ø      Adicionar sal (ver tabela) após cada chuva ou após

escoamento de água de lavagem do local. 

Ø      Adicionar água sanitária, ou qualquer outro desinfetante,

sabão em pó ou detergente semanalmente. 

Baldes ou bacias sem uso

diário. 

Ø      Manter emborcados, de preferência em locais cobertos ou

secos ao abrigo da chuva. 

Aquários   Ø      Manter tampados ou telados e utilizar peixes larvófagos

(beta ou guaru). 

Bebedouro   Ø      Reduzir o número de bebedouros. 

Ø       Trocar a água 2 vezes por semana e de preferência

escovar o bebedouro, quando  de tamanho pequeno. 

Ø      Colocar peixes larvófagos ou lavar e trocar a água 2 vezes

por semana quando o bebedouro for de tamanho grande e/ou

fixo. 

Bandejas de Geladeira e de

Aparelhos de Ar

Condicionado 

Ø      Lavar a bandeja da geladeira 2 vezes por semana. 

Ø      Colocar mangueira ou furar a bandeja do aparelho de ar

condicionado. 

Piscina   Ø      Em períodos de uso: Efetuar o tratamento adequado

incluindo  cloro. 

Ø      Em períodos sem uso: Reduzir o máximo possível o 

 

25

volume d’água e aplicar água sanitária conforme tabela

anexa, semanalmente, considerando o  volume d’água que

permaneceu. Para piscina sem sistema de filtragem de água,

pode-se optar pela adição de sal conforme tabela anexa, não

sendo necessário repetir o tratamento. 

Copo de água do Santo   Ø      Tampar o copo com pano ou pires. 

Lona para proteção da água

ou segurança de piscina 

Ø      Instalar bóias (câmaras de ar de pneus) sob a lona,  no

centro da piscina, para facilitar o escoamento da água de

chuva. 

Piscina infantil   Ø      Em períodos de uso: Lavar e trocar a água pelo menos

semanalmente. 

Ø      Em períodos sem uso: Escovar, desmontar e guardar em

local coberto. 

Vaso sanitário sem uso 

  

Ø      Manter sempre tampados. 

Ø      Caso não possua tampa, acionar a válvula 2 vezes por

semana. 

Ø      Adicionar 2 colheres (sopa) de sal, sempre que for

acionada a descarga. 

Ø      Vedar com saco plástico, aderido ao vaso c/ fita adesiva. 

Caixa de descarga sem tampa

e sem uso diário. 

  

Ø      Tampar com filme de polietileno. 

Ø      Acionar a descarga 2 vezes por semana . 

Ø      Vedar com saco plástico, aderido à caixa com fita adesiva.

Plástico ou lona para cobrir

equipamentos, peças e

outros materiais. 

Ø      Cortar o excesso, de modo a permitir que o plástico ou a

lona fique rente aos materiais cobertos, evitando sobras no

solo/piso e, sempre que houver pontos de acúmulo de água,

retirar o plástico ou lona e refazer a cobertura. 

Ø      Cobrir as bordas do plástico ou lona com terra ou areia e,

sempre que houver pontos de acúmulo de água, retirar o

plástico ou lona  e refazer a cobertura 

Fosso de elevador

(construção) 

Ø      Esgotar a água, por bombeamento, pelo menos duas vezes

por semana. 

Masseira (construção)   Ø      Furar lateralmente no seu ponto mais baixo quando em uso

e desobstruir o orifício, sempre que necessário, ou quebrar a

masseira eliminando suas laterais, quando em desuso. 

Bromélia   Ø      Substitua por outro tipo de planta que não acumule água.

Enquanto essa providência não for adotada, regar

abundantemente com mangueira sob pressão, 2 vezes por

semana. 

Tambor, bombona, barril e

latão. 

Ø      Em períodos sem uso: manter emborcados. Devem de

preferência ser guardados em local coberto e quando

mantidos ao relento devem ficar emborcados ou deitados e

levemente inclinados sobre um calço. 

Ø      Em períodos de uso: cobrir com tampa ou “touca”

(confeccionada com tela de mosquiteiro ou tecido) ou trocar

toda a água 2 vezes por semana. 

Armadilha para formiga do

tipo vasilhame com água 

Ø      Completar a água da armadilha utilizando sempre água

com sal  (0,5 colher de sal para cada copo d’água)  

 

26

QUANTIDADE DE ÁGUA   QUANTIDADE DE SAL 

1 copo   0,5 colher de sopa 

1 litro   2 colheres de sopa 

5 litros   10 colheres de sopa (1 copo) 

50 litros   1 Kg 

100 litros   2 Kg 

200 litros   4 Kg 

300 litros   6 Kg 

400 litros   8 Kg 

500 litros   10 Kg 

             Concentração – 2% (20 g de sal/litro de  água) 

  

Técnica de utilização de areia grossa

 

 

­      Adicionar areia úmida no prato, em torno do vaso até a borda ou furo existente. 

Ø      Em caso de pratos com correntes, utilizar o mesmo procedimento, nivelando a areia no prato

até a altura dos orifícios de sustentação da corrente.   

 

 

 

Especificação de tela de mosquiteiro

 

 

­      Tela de nylon para mosquiteiro com trama de 1 milímetro (mm). Dar preferência a telas de 1.5

ou 2,0 metros de largura, para melhor aproveitamento do material para cobertura de diversos

tamanhos de caixas d’água.   

 

 

 

 

 

 

 

 

27

 

Tabela para uso de água sanitária no controle de larvas de Aedes aegypti

 

 

 

Quantidade de água sanitária em função da concentração de cloro ativo 

( entre 2,0% e 2,5%) a ser colocada em recipientes fixos e com água não destinada

para consumo humano,  e em piscinas desativadas.   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VOLUME DE ÁGUA

ACUMULADA NO

RECIPIENTE 

QUANTIDADE DE ÁGUA SANITÁRIA 

5 litros   1,0 colher de sopa 

25 litros   6,0 colheres de sopa 

50 litros   0,5 copo 

100 litros   1,5 copo 

150 litros   2,0 copos 

200 litros   2,5 copos 

250 litros   3,0 copos 

300 litros   4,0 copos 

350 litros   4,5 copos 

400 litros   1 litro 

450 litros   1 litro + 0,5 copo 

500 litros   1 litro + 1,0 copo 

1000 litros   2 litros + 2,5 copos  

 

 

AGENTES BIOLOGICOS

 

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

Departamento de Ciência e Tecnologia

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Brasília – DF

2006

Classifi  cação de Risco dos

Agentes Biológicos© 2006 Ministério da Saúde.

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte

e que não seja para venda ou qualquer fi  m comercial.

A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.

A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em

Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs

O conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde pode ser acessado na página:

http://www.saude.gov.br/editora

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Tiragem: 1.ª edição – 2006 – 3.000 exemplares

Elaboração, distribuição e informações:

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

Departamento de Ciência e Tecnologia

Comissão de Biossegurança em Saúde

Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, bloco G, 8.° andar, sala 848

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Tels.: (61) 3315-3465

E-mail: cbiotec@saude.gov.br

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfi  ca

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de

Ciência e Tecnologia.

 Classifi  cação de risco dos agentes biológicos / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Ciência e Tecnologia. – Brasília : Editora do

Ministério da Saúde, 2006.

 36 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

 ISBN 85-334-1216-9

     1. Classifi  cação e identifi  cação por risco de substâncias, produtos e materiais. 2. Fatores de risco.

I. Título. II. Série.

NLM WA 671

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2006/1156

Títulos para indexação:

Em inglês: Risk Classifi  cation of Biological Agents

Em espanhol: Classifi  cación de Riesgo de los Agentes Biológicos

EDITORA MS

Documentação e Informação

SIA trecho 4, lotes 540/610

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Equipe editorial:

Normalização: Juliane Sousa

Revisão: Mara Rejane Soares Pamplona e

Lilian Alves Assunção de Sousa

Diagramação, capa e projeto gráfi  co: Leandro AraújoLISTA DE SIGLAS

Aisa – Assessoria de Assuntos Internacionais de Saúde

Anvisa  – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CBS  – Comissão de Biossegurança em Saúde

Fiocruz –  Fundação Oswaldo Cruz

Funasa    – Fundação Nacional de Saúde

LCM – coriomeningite linfocítica

MS  – Ministério da Saúde

NB  –  nível de biossegurança

OGM  –  organismo geneticamente modifi  cado

SAS  –  Secretaria de Atenção à Saúde

SCTIE  –  Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

SVS  –  Secretaria de Vigilância em SaúdeSUMÁRIO

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7

1  Introdução  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9

2 Classifi  cação de Risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13

2.1 Classe de Risco 1  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14

2.2 Classe de Risco 2  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15

2.3 Classe de Risco 3  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25

2.4 Classe de Risco 4  . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .27

Referências Bibliográfi  cas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29

Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

Equipe Técnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .337

APRESENTAÇÃO

Em 19 de fevereiro de 2002, a Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS)

foi instituída no âmbito do Ministério da Saúde (MS) pela Portaria GM/MS n.º 343,

posteriormente revogada e substituída pela Portaria GM/MS n.º 1.683, de 28

de agosto de 2003. Essa comissão é coordenada pela Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) e composta por representantes

desta, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), da Secretaria de Atenção

à Saúde (SAS), da Assessoria de Assuntos Internacionais de Saúde (Aisa), da

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), da Fundação Nacional de Saúde (Funa-

sa) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A CBS, desde sua criação, possui como objetivo principal a implemen-

tação de ações relacionadas à Biossegurança, procurando sempre o melhor

entendimento entre o Ministério da Saúde e as instituições que lidam com

o tema.

A proposta de publicar a “Classifi  cação de Risco dos Agentes Biológi-

cos” pelo MS advém da necessidade de padronização e categorização dos

agentes biológicos que são manipulados por diferentes instituições de ensi-

no e pesquisa e estabelecimentos de saúde. Os critérios de classifi  cação têm

como base diversos aspectos, tais como: virulência, modo de transmissão,

estabilidade do agente, concentração e volume, origem do material poten-

cialmente infeccioso, disponibilidade de medidas profi  láticas efi  cazes, dis-

ponibilidade de tratamento efi  caz, dose infectante, tipo de ensaio e fatores

referentes ao trabalhador. Cabe ressaltar que os países possuem classifi  ca-

ções diferentes desta em virtude de fatores regionais específi  cos que irão

infl  uenciar na sobrevivência do agente biológico e na sua endemicidade.

Inicialmente, este documento havia sido concebido como um anexo da

1.ª edição do documento “Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção

com Material Biológico”, mas em virtude de sua grande importância e ne-

cessidade de estar presente em todas as instituições de ensino e pesquisa, e 8

estabelecimentos de saúde que trabalham com material biológico, foi pro-

posta sua publicação em separado.

Espera-se, portanto, que este documento venha a contribuir com o pre-

enchimento de lacunas existentes na normativa nacional ofi  cial referente à

Biossegurança envolvendo agentes biológicos patogênicos e, sua classifi  ca-

ção em relação ao risco biológico, assegurando o conhecimento necessário

para a manipulação desses agentes, tanto para os trabalhadores, como para

a sociedade em geral, servindo também como documento de referência

para as publicações deste Ministério na área de Biossegurança.

Suzanne Jacob Serruya

Diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia9

1 INTRODUÇÃO

O conceito de Biossegurança e sua respectiva aplicação têm como ob-

jetivo principal dotar os profi  ssionais e as instituições de ferramentas que

visem desenvolver as atividades com um grau de segurança adequado seja

para o profi  ssional de saúde, seja para o meio ambiente ou para a comu-

nidade. Nesse sentido, podemos defi  nir  “Biossegurança” como sendo “a

condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas

a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que

possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o ambiente”.

A avaliação de risco incorpora ações que objetivam o reconhecimento

ou a identifi  cação dos agentes biológicos e a probabilidade do dano pro-

veniente destes. Tal análise será orientada por vários critérios que dizem

respeito não só ao agente biológico manipulado, mas também ao tipo de

ensaio realizado, ao próprio trabalhador e, quando pertinente, à espécie

animal utilizada no ensaio. Deve contemplar as várias dimensões que en-

volvem a questão, sejam elas relativas a procedimentos (boas práticas: pa-

drões e especiais), a infra-estrutura (desenho, instalações físicas e equipa-

mentos de proteção) ou informacionais (qualifi  cação das equipes). Também

a organização do trabalho e as práticas gerenciais passaram a ser reconhe-

cidas como importante foco de análise, seja como causadoras de acidentes,

doenças e sofrimento, ou como integrantes fundamentais de um programa

de Biossegurança nas instituições.

Portanto, o estabelecimento de uma relação direta entre a classe de

risco do agente biológico e o nível de biossegurança (NB) é uma difi  culda-

de habitual no processo de defi  nição do nível de contenção. Por exemplo,

estabelecer que para os agentes biológicos de classe de risco 3 deve-se

trabalhar em um ambiente de trabalho NB-3, sem levar em conta a meto-

dologia diagnóstica que será utilizada. No caso exemplar do diagnóstico da

Mycobacterium tuberculosis, que é de classe de risco 3, a execução de uma

baciloscopia não exige desenvolvê-la numa área de contenção NB-3, e sim

numa área NB-2, utilizando-se uma cabine de segurança biológica. Já se a

atividade diagnóstica exigir a reprodução da bactéria (cultura), bem como 10

testes de sensibilidade, situação em que o profi  ssional estará em contato

com uma concentração aumentada do agente, recomenda-se, aí sim, que

as atividades sejam conduzidas numa área NB-3.

Por outro lado, há situações em que o diagnóstico é de um agente bio-

lógico de classe de risco 2, que deve ser trabalhado em áreas de contenção

NB-2. Porém, se para algum estudo específi  co houver a necessidade de um

aumento considerável de sua concentração ou de seu volume, produção em

grande escala, este então deverá ser realizado numa área NB-3.

Os tipos, subtipos e variantes dos agentes biológicos patogênicos en-

volvendo vetores diferentes ou raros, a difi  culdade de avaliar as medidas

de seu potencial de amplifi  cação e as considerações das recombinações

genéticas e dos organismos geneticamente modifi  cados (OGMs) são alguns

dos vários desafi  os na condução segura de um ensaio. Portanto, para cada

análise ou método diagnóstico exigido, os profi  ssionais deverão proceder a

uma avaliação de risco, onde será discutido e defi  nido o nível de contenção

adequado para manejar as respectivas amostras. Nesse processo temos que

considerar, também, todos os outros tipos de riscos envolvidos.

Diante de tal complexidade no processo de avaliação de risco para o

trabalho com agentes biológicos, devemos considerar uma série de crité-

rios, dos quais destacamos:

Virulência

A virulência do agente biológico para o homem e para os animais é

um dos critérios de maior importância. Uma das formas de mensurá-la é

a taxa de fatalidade do agravo causado pelo agente patogênico, que pode

vir a causar morte ou incapacidade em longo prazo. Segundo esse critério,

a tuberculose, as encefalites virais e a coriomeningite linfocítica (LCM) são

bons exemplos de doenças cujos agentes biológicos causadores possuem

alta virulência e, portanto, alto risco. O Staphilococcus aureus, que rara-

mente provoca uma doença grave ou fatal em um indivíduo contaminado,

é classifi  cado como de risco baixo.

Modo de transmissão

O conhecimento do modo de transmissão do agente biológico manipu-

lado é de fundamental importância para a aplicação de medidas que visem

conter a disseminação de doenças, pois cada uma terá uma forma diferente

de controle.11

Estabilidade

É a capacidade de sobrevivência de um agente biológico no meio am-

biente. Informações sobre sua sobrevivência quando exposto à luz solar ou

ultravioleta, a determinadas temperaturas e teores de umidade, exposições a

desinfetantes químicos ou à dissecação devem ser consideradas.

Concentração e volume

É o número de agentes biológicos patogênicos por unidade de volume,

portanto, quanto maior a concentração, maior o risco. O volume do agente

a ser manipulado também é importante. Na maioria dos casos, os fatores de

risco aumentam com o aumento do volume manipulado.

Origem do agente biológico potencialmente patogênico

Este dado está associado não só à origem do hospedeiro do agente bio-

lógico (humano ou animal, infectado ou não) mas também à localização

geográfi  ca (áreas endêmicas, etc.).

Disponibilidade de medidas profi  láticas efi  cazes

A avaliação de risco inclui a disponibilidade de compostos imunoprofi  lá-

ticos efi  cazes. Quando estão disponíveis, o risco é drasticamente reduzido.

Disponibilidade de tratamento efi  caz

Este dado refere-se à disponibilidade de tratamento efi  caz, capaz de pro-

porcionar a cura ou a contenção do agravamento da doença causada pela ex-

posição ao agente biológico. Também se torna um fator de redução do risco.

É importante ressaltar que durante a avaliação de risco, tanto a disponi-

bilidade de imunização, quanto de tratamento, são somente medidas adicio-

nais de proteção, não prescindindo de outros fatores a serem considerados,

como o controle das condições do ambiente onde a atividade de risco será

realizada (controles de engenharia), as práticas e procedimentos padrões apli-

cados e o uso de equipamentos de proteção (individual e/ou coletivo).

Dose infectante

A dose infectante do agente biológico é um fator que deve ser levado em

consideração, pois aponta o risco do agente patogênico a ser manipulado.

Tipo de ensaio

O tipo de ensaio pode potencializar o risco, como, por exemplo, a am-

plifi  cação, sonifi  cação ou centrifugação. Além disso, devemos destacar os 12

ensaios que envolvem inoculação experimental em animais, pois os riscos

irão variar de acordo com as espécies envolvidas e com a natureza da pes-

quisa desenvolvida. Os próprios animais podem introduzir novos agentes

biológicos. Podemos nos defrontar com infecções latentes que são mais co-

muns em animais capturados no campo ou em animais provenientes de

criações não selecionadas. Por exemplo, o vírus B do macaco é um risco

aos indivíduos que lidam com símios. A informação em relação de qual(is)

é(são) a(s) via(s) de eliminação do agente nos animais também deve ser con-

siderada na avaliação de risco. A eliminação em altos títulos por excreções

ou secreções de alguns agentes biológicos pelo animal e, em especial, os

que são transmitidos por via respiratória, podem exigir um nível de con-

tingenciamento acima do indicado na classifi  cação do agente. As pessoas

que lidam com animais experimentais infectados com agentes biológicos

patogênicos apresentam um risco muito maior de exposição devido às mor-

didas, aos arranhões e aos aerossóis provocados por eles.

Fatores referentes ao trabalhador

São aqueles fatores diretamente ligados as pessoas: idade, sexo, fato-

res genéticos, susceptibilidade individual (sensibilidade e resistência com

relação aos agentes biológicos), estado imunológico, exposição prévia, gra-

videz, lactação, consumo de álcool, consumo de medicamentos, hábitos

de higiene pessoal (como lavar as mãos) e uso de equipamentos de pro-

teção individual (como jalecos e luvas). Além do que, devemos levar em

consideração a análise da experiência e da qualifi  cação dos profi  ssionais

expostos.

Outros fatores relacionados aos agentes biológicos também devem ser

considerados, tais como as perdas econômicas que possam gerar, sua existên-

cia ou não no país e a sua capacidade de disseminação em novas áreas.

Por esse motivo, as classifi  cações existentes em vários países, embora

concordem em relação à grande maioria dos agentes biológicos, apresen-

tam algumas variações em função de fatores regionais específi  cos.

Cabe ressaltar a importância da composição multiprofi  ssional e da abor-

dagem interdisciplinar nas análises de risco. As análises de risco envolvem

não apenas sistemas tecnológicos e agentes biológicos perigosos manipu-

lados e/ou produzidos, mas também seres humanos, animais, complexos

e ricos em suas naturezas e relações, não apenas biológicas, mas também

sociais, que também se constituem em riscos, e devem ser considerados

durante o processo de avaliação.13

2 CLASSIFICAÇÃO DE RISCO

Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são

distribuídos em classes de risco assim defi  nidas:

•  Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade):

inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças

em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp.

•  Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco

para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam

infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação

na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e

para os quais existem medidas terapêuticas e profi  láticas efi  cazes.

Exemplo: Schistosoma mansoni.

•  Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a

comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capaci-

dade de transmissão por via respiratória e que causam patologias

humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem

usualmente medidas de tratamento e/ou de prevenção. Representam

risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, poden-

do se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo: Bacillus anthracis.

•  Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade):

inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibili-

dade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o

momento não há nenhuma medida profi  lática ou terapêutica efi  caz

contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas

e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação

na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principal-

mente os vírus. Exemplo: Vírus Ebola.

•  Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal gra-

ve e de disseminação no meio ambiente):  inclui agentes bioló-14

gicos de doença animal não existentes no País e que, embora não

sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem,

podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de ali-

mentos.

Observações sobre a classifi  cação dos agentes biológicos:

1.  No caso de mais de uma espécie de um determinado gênero ser pa-

togênica, serão assinaladas as mais importantes, e as demais serão

representadas pelo gênero seguido da denominação spp, indicando

que outras espécies do gênero podem ser patogênicas.

2. A classifi  cação de parasitas e as respectivas medidas de contingen-

ciamento se aplicam somente para os estágios de seu ciclo durante

os quais sejam infecciosos para o homem ou animais.

3.  Os agentes incluídos na classe especial deverão ser manipulados

em área NB-4, enquanto ainda não circularem no país, devendo ter

sua importação restrita, sujeita à prévia autorização das autoridades

competentes. Caso sejam diagnosticados no território nacional, de-

verão ser tratados no NB determinado pelos critérios que norteiam

a sua avaliação de risco.

4. Nesta classifi  cação reputou-se apenas os possíveis efeitos dos agen-

tes biológicos aos indivíduos sadios. Os possíveis efeitos aos indi-

víduos com patologia prévia, em uso de medicação, portador de

transtornos imunológicos, gravidez ou em lactação não foram con-

siderados.

5.  Os agentes biológicos incluídos na classe especial estão identifi  ca-

dos com (*).

2.1 Classe de Risco 1

Compreende os agentes biológicos não incluídos nas classes de risco 2,

3 e 4 e que não demonstraram capacidade comprovada de causar doença

no homem ou em animais sadios.

A não classifi  cação de agentes biológicos nas classes de risco 2, 3 e

4 não implica na sua inclusão automática na classe de risco 1. Para isso

deverá ser conduzida uma avaliação de risco, baseada nas propriedades

conhecidas e/ou potenciais desses agentes e de outros representantes do

mesmo gênero ou família.15

2.2 Classe de Risco 2

AGENTES BACTERIANOS, INCLUINDO CLAMÍDIAS E RICKÉTSIAS

Acinetobacter baumannii (anteriormente Acinetobacter calcoaceticus)

Actinobacillus spp

Actinomadura madurae, A. pelletieri

Actinomyces spp, A. gerencseriae, A. israelli, Actinomyces pyogenes (an-

teriormente Corynebacterium pyogenes)

Aeromonas hydrophila

Amycolata autotrophica

Archanobacterium haemolyticum (anteriormente Corynebacterium

haemolyticum)

Bacteroides fragilis

Bartonella spp (Rochalimea spp), B. bacilliformis, B. henselae, B. quintana,

B. vinsonii

Bordetella bronchiseptica, B. parapertussis, B. pertussis

Borrelia spp, B. anserina, B. burgdorferi, B. duttoni, B. persicus, B. recurrentis,

B. theileri, B.vincenti

Burkholderia spp (Pseudomonas), exceto aquelas listadas na classe de

risco 3

Campylobacter spp, C. coli, C. fetus, C. jejuni, C. septicum

Cardiobacterium hominis

Chlamydia pneumoniae, C. trachomatis

Clostridium spp, C. chauvoei, C. haemolyticum, C. histolyticum, C. no-

vyi, C. perfringens, C. septicum, C. tetani

Corynebacterium spp, C. diphtheriae, C. equi, C. haemolyticum, C. mi-

nutissimum, C. pseudotuberculosis, C. pyogenes, C. renale

Dermatophilus congolensis

Edwardsiella tarda

Ehrlichia spp (Rickettsia spp), Ehrlichia sennetsu

Eikenella corrodens

Enterobacter aerogenes, E. cloacae

Enterococcus spp16

Erysipelothrix rhusiopathiae

Escherichia coli, todas as cepas enteropatogênicas, enterotoxigênicas,

enteroinvasivas e detentoras do antígeno K1

Haemophilus ducreyi, H. infl  uenzae

Helicobacter pylori

Klebsiella spp

Legionella spp, L. pneumophila

Leptospira interrogans, todos os sorotipos

Listeria spp

Moraxella spp

Mycobacterium asiaticum, M. avium, M. bovis BCG vacinal, M. intracellulare,

M. chelonae,  M. fortuitum, M. kansasii, M. leprae, M. malmoense, M.

marinum, M. paratuberculosis, M. scrofulaceum, M. simiae, M. szulgai,

M. xenopi

Mycoplasma caviae, M. hominis, M. pneumoniae

Neisseria gonorrhoea, N. meningitidis

Nocardia asteroides, N. brasiliensis, N. farcinica, N. nova, N. otitidisca-

viarum, N. transvalensis

Pasteurella spp, P. multocida

Peptostreptococcus anaerobius

Plesiomonas shigelloides

Porphyromonas spp

Prevotella spp

Proteus mirabilis, P. penneri, P. vulgaris

Providencia spp, P. alcalifaciens, P. rettgeri

Rhodococcus equi

Salmonella ssp, todos os sorotipos

Serpulina spp

Shigella spp, S. boydii, S. dysenteriae, S. fl  exneri, S. sonnei

Sphaerophorus necrophorus

Staphylococcus aureus

Streptobacillus moniliformis

Streptococcus spp, S. pneumoniae, S. pyogenes, S. suis17

Treponema spp, T. carateum, T. pallidum, T. pertenue

Vibrio spp, V. cholerae (01 e 0139), V. parahaemolyticus, V. vulnifi  cus

Yersinia spp, Y. enterocolitica, Y. pseudotuberculosis

PARASITAS

Acanthamoeba castellani

Ancylostoma humano e animal, A. ceylanicum, A. duodenale

Angiostrongylus spp, A. cantonensis, A. costaricensis

Ascaris spp, A. lumbricoides, A. suum

Babesia spp, B. divergens, B. microti

Balantidium coli

Brugia spp, B malayi, B. pahangi, B. timori

Capillaria spp, C. philippinensis

Clonorchis sinensis, C. viverrini

Coccidia spp

Cryptosporidium spp, C. parvum

Cyclospora cayetanensis

Cysticercus cellulosae (cisto hidático, larva de T. solium)

Dactylaria galopava (Ochroconis gallopavum)

Dipetalonema streptocerca

Diphyllobothrium latum

Dracunculus medinensis

Echinococcus spp, E. granulosus, E. multilocularis, E. vogeli

Emmonsia parva var. crescens, Emmonsia parva var. parva

Entamoeba histolytica

Enterobius spp

Fasciola spp, F. gigantica, F. hepatica

Fasciolopsis buski18

Fonsecaea compacta, F. pedrosoi

Giardia spp, Giardia lamblia (Giardia intestinalis)

Heterophyes spp

Hymenolepis spp, H. diminuta, H. nana

Isospora spp

Leishmania spp, L. brasiliensis, L. donovani, L. ethiopica, L. major, L. me-

xicana, L. peruvania, L. tropica

Loa loa

Madurella grisea, M. mycetomatis

Mansonella ozzardi, M. perstans

Microsporidium spp

Naegleria fowleri, N. gruberi

Necator spp, N. americanus

Onchocerca spp, O. volvulus

Opisthorchis spp, Opisthorchis felineus

Paragonimus westermani

Plasmodium spp humano e símio, P. cynomolgi, P. falciparum, P. mala-

riae, P. ovale, P. vivax

Sarcocystis spp, S. suihominis

Scedosporium apiospermum (Pseudallescheria boidii),  Scedosporium

prolifi  cans (infl  atum)

Schistosoma haematobium, S. intercalatum, S. japonicum, S. mansoni,

S. mekongi

Strongyloides spp, S. stercoralis

Taenia saginata, T. solium

Toxocara spp, T. canis

Toxoplasma spp, T. gondii

Trichinella spiralis

Trichuris trichiura19

Trypanosoma  spp,  incluindo T. brucei brucei, T. brucei gambiense, T.

brucei rhodesiense, T. cruzi, T. evansi, T. vivax

Wuchereria bancrofti

FUNGOS

Aspergillus fl  avus, A. fumigatus

Blastomyces dermatitidis

Candida albicans, C. tropicalis

Cladophialophora bantiana (Xylophora  bantiana, Cladosporium bantia-

num ou C. trichoides), Cladophialophora carrioni (Cladosporium carrioni)

Cryptococcus neoformans, Cryptococcus neoformans var. gattii (Filoba-

sidiella bacillispora), Cryptococcus neoformans var. neoformans (Filoba-

sidiella neoformans var. neoformans)

Emmonsia parva var. crescens, Emmonsia parva var. parva

Epidermophyton spp, E. fl  occosum

Exophiala (Wangiella) dermatitidis

Fonsecaea compacta, F. pedrosoi

Madurella spp,  M. grisea, M. mycetomatis

Microsporum spp, M. aldouinii, M. canis

Neotestudina rosatii

Paracoccidioides brasiliensis  (na fase de esporulação apresenta maior

risco de infecção)

Penicillium marneffei

Pneumocystis carinii

Scedosporium apiospermum (Pseudallescheria boidii),  Scedosporium

prolifi  cans (infl  atum)

Sporothrix schenckii

Trichophyton spp, Trichophyton rubrum20

FUNGOS EMERGENTES E OPORTUNISTAS

Acremonium falciforme, A. kiliense, A. potronii, A. recifei, A. roseogri-

seum

Alternaria anamorfo de Pleospora infectoria

Aphanoascus fulvescens

Aspergillus amstelodami, A. caesiellus, A. candidus, A. carneus, A. glau-

cus, A. oryzae, A. penicillioides, A. restrictus, A. sydowi, A. terreus, A.

unguis, A. versicolor

Beauveria bassiana

Candida lipolytica, C. pulcherrima, C. ravautii, C. viswanathii

Chaetoconidium spp

Chaetomium spp

Chaetosphaeronema larense

Cladosporium cladosporioides

Conidiobolus incongruus

Coprinus cinereus

Cunninghamella geniculata

Curvularia pallescens, C. senegalensis

Cylindrocarpon tonkinense

Drechslera spp

Exophiala moniliae

Fusarium dimerum, F. nivale

Geotrichum candidum

Hansenula polymorpha

Lasiodiplodia theobromae

Microascus desmosporus

Mucor rouxianus

Mycelia sterilia21

Mycocentrospora acerina

Oidiodendron cerealis

Paecilomyces lilacinus, P. variotii, P. viridis

Penicillium chrysogenum, P. citrinum, P. commune, P. expansum, P. spi-

nulosum

Phialophora hoffmannii, P. parasitica, P. repens

Phoma hibernica

Phyllosticta spp, P. ovalis

Pyrenochaeta unguis-hominis

Rhizoctonia spp

Rhodotorula pilimanae, R. rubra

Schizophyllum commune

Scopulariops acremonium, S. brumptii

Stenella araguata

Taeniolella stilbospora

Tetraploa spp

Trichosporon capitatum

Tritirachium oryzae

Volutella cinerescens

VÍRUS

Adenovirus humanos, caninos e de aves

Arenavirus do Novo Mundo (complexo Tacaribe): vírus Amapari, Latino,

Paraná, Pichinde, Tamiami, exceto os listados nas classes de risco 3 e 4

Arenavirus do Velho Mundo: vírus Ippy, Mobala, coriomeningite linfoci-

tária (amostras não neurotrópicas)

Astrovirus, todos os tipos

Birnavirus, todos os tipos, incluindo o vírus Gumboro e vírus relaciona-

dos, Picobirnavirus e Picotrinavirus22

Bunyavirus, todos os tipos, incluindo vírus Belém, Mojuí dos Campos,

Pará, Santarém, Turlock, e Grupo  Anopheles A (Arumateua, Caraipé,

Lukuni, Tacaiuma, Trombetas, Tucurui), Grupo Bunyamwera (Iaco, Kai-

ri, Macauã, Maguari, Sororoca, Taiassuí, Tucunduba, Xingu), Grupo C

(Apeu, Caraparu, Itaqui, Marituba, Murutucu, Nepuyo, Oriboca), Gru-

po Capim (Acara, Benevides, Benfi  ca, Capim, Guajará, Moriche), Gru-

po da encefalite da Califórnia (Inkoo, La Crosse, Lumbo, San Angelo,

Snow hare, Tahyna), Grupo Guamá (Ananindeua, Bimiti, Catú, Guamá,

Mirim, Moju, Timboteua), Grupo Melão (Guaroa, Jamestown Canyon,

Keystone, Serra do Navio, South River, Trivittatus), Grupo Simbu (Jato-

bal, Oropouche, Utinga)

Circovirus, incluindo vírus TT e vírus relacionados

Coronavirus, todos os tipos, incluindo vírus humanos, gastroenterite de

suínos, hepatite murina, Coronavirus de bovinos, caninos, ratos e coe-

lhos, peritonite infecciosa felina, bronquite infecciosa aviária

Flavivirus, todos os tipos, incluindo vírus Bussuquara, Cacipacoré, den-

gue tipos 1, 2, 3 e 4, Febre Amarela vacinal; encefalite de São Luis,

Ilhéus, Kunjin, Nilo Ocidental

Hantavirus, incluindo Prospect Hill e Puumala e exceto os listados na

classe de risco 3

Hepacivirus, todos os tipos, incluindo o vírus da Hepatite C

Herpesvirus, todos os tipos, incluindo Citomegalovirus, Herpes simplex

1 e 2, Herpes vírus tipo 6 (HHV6), Herpes vírus tipo 7 (HHV7), Herpes

vírus tipo 8 (HHV8), Varicela-Zoster

Nairovirus, incluindo Hazara

Norovirus, todos os tipos, incluindo, vírus Norwalk e Saporo

Orthohepadnavirus, todos os tipos, incluindo vírus da Hepatite B e vírus

da Hepatite D (Delta)

Orthomyxovirus, todos os tipos, incluindo vírus da Infl  uenza A, B e C,

e os tipos transmitidos por carrapatos, vírus Dhori e Thogoto, exceto as

amostras aviárias asiáticas de infl  uenza A, como H5N1, que deverão ser

listadas na classe de risco 4

Papillomavirus, todos os tipos, incluindo os vírus de papilomas humanos

Paramyxovirus, todos os tipos, incluindo vírus da Caxumba, doença de

NewCastle (amostras não asiáticas), Parainfl  uenza 1 a 4, Pneumovírus, 23

Sarampo, Nipah, vírus Respiratório Sincicial, exceto os listados na clas-

se de risco 4

Parvovirus, todos os tipos, incluindo Parvovirus humano B-19

Pestivirus, todos os tipos, incluindo os vírus da diarréia bovina

Phlebovirus, todos os tipos, incluindo vírus Alenquer, Ambé, Anhangá,

Ariquemes, Belterra, Bujarú, Candiru, Icoarací, Itaituba, Itaporanga, Ja-

cundá, Joa, Morumbi, Munguba, Nápoles, Oriximina, Pacuí, Serra Nor-

te, Tapará, Toscana, Turuna, Uriurana, Urucuri, Uukuvírus

Picornavirus, todos os tipos, incluindo vírus Coxsackie, vírus da conjun-

tivite hemorrágica aguda (AHC), vírus da Hepatite A (enterovírus huma-

no tipo 72), vírus da poliomielite, vírus ECHO, Rhinovirus

Polyomavirus, todos os tipos, incluindo vírus BK e JC, e vírus Símio 40

(SV40)

Poxvirus, todos os tipos, incluindo Buffalopox, Cotia, Cowpox e vírus

relacionados isolados de felinos domésticos e de animais selvagens, nó-

dulo do ordenhador, Molluscum contagiosum1

, Myxoma, Parapoxvirus,

Poxvirus de caprinos, suínos e aves, Vaccinia, vírus Orf, Yatapox Tana

Reovirus gênero Orthoreovirus, todos os tipos, incluindo os 1, 2 e 3,

Coltivirus, Orbivirus, Reovirus isolados na Amazônia dos grupos Chan-

guinola e Corriparta, Rotavirus humanos, vírus Ieri, Itupiranga e Tembé

Retrovirus (classifi  cados na classe de risco 2 apenas para sorologia, para

as demais operações de manejo em laboratório estes vírus devem ser

considerados na classe de risco 3), vírus da imunodefi  ciência humana

HIV-1 e HIV-2, vírus linfotrópico da célula T do adulto HTLV-1 e HTLV-2

e vírus de primatas não-humanos

Rhabdovirus, incluindo vírus Aruac, Duvenhage, Inhangapi, Xibure-

ma, vírus da Raiva amostras de vírus fi  xo, Grupo da Estomatite Vesi-

cular (Alagoas VSV-3, Carajás, Cocal VSV-2,  Indiana VSV-1,  Juruna,

Marabá, Marabá VSV-4, Piry), Grupo Hart Park (Hart Park, Mosqueiro),

Grupo Mussuril (Cuiabá, Marco), Grupo Timbó (Chaco, Sena Madu-

reira, Timbó)

1

 A Portaria n.º 485, de 11 de novembro de 2005 (DOU de 16/11/05 – seção 1), anexo I – Nor-

ma Regulamentadora n.º 32 (NR 32) “Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde”,

do Ministério do Trabalho e Emprego, lista este agente biológico em outra classe de risco.24

Togavirus, todos os tipos, gênero Alphavirus incluindo vírus Aurá, Be-

baru, Bosque Semliki, Chikungunya, encefalomielite eqüina ocidental,

encefalomielite eqüina oriental, encefalite eqüina Venezuela amostra

TC 83; Mayaro, Mucambo, O’nyong-nyong, Pixuna, Rio Ross, Sindbis,

Una, gênero Rubivirus incluindo o vírus da rubéola

Vírus da Hepatite E

VÍRUS ONCOGÊNICOS DE BAIXO RISCO

Adenovirus 1 aviário (CELO vírus)

Adenovirus 7- Simian virus 40 (Ad7-SV40)

Herpesvirus de cobaias

Polyoma vírus

Rous sarcoma vírus

Shope fi  broma vírus

Shope papilloma vírus

Vírus da Doença de Marek

Vírus da Leucemia de Hamsters

Vírus da Leucemia de Murinos

Vírus da Leucemia de Ratos

Vírus da Leucose Aviária

Vírus da Leucose Bovina Enzoótica

Vírus do Papiloma Bovino

Vírus do Sarcoma Canino

Vírus do Sarcoma Murino

Vírus do Tumor Mamário de Camundongo

Vírus Lucke de rãs

Vírus Mason-Pfi  zer de símios25

VÍRUS ONCOGÊNICOS DE RISCO MODERADO

Adenovirus 2-Simian vírus 40 (Ad2-SV40)

Epstein-Barr vírus (EBV)1

Poxvirus Yatapox Yaba

Vírus da Leucemia de Gibões (GaLV)

Vírus da Leucemia Felina (FeLV)

Vírus do Sarcoma de Símios (SSV-1)

Vírus do Sarcoma Felino (FeSV)

2.3 Classe de Risco 3

AGENTES BACTERIANOS INCLUINDO RIQUÉTSIAS

Bacillus anthracis

Bartonella, exceto os listados na classe de risco 2

Brucella spp, todas as espécies

Burkholderia mallei (Pseudomonas mallei), Burkholderia pseudomallei

(Pseudomonas pseudomallei)

Chlamydia psittaci (cepas aviárias)

Clostridium botulinum

Coxiella burnetii

Escherichia coli, cepas verotoxigênicas como 0157:H7 ou O103

Francisella tularensis (tipo A)

Haemophilus equigenitalis

Mycobacterium bovis, exceto a cepa BCG, M. tuberculosis

Pasteurella multocida tipo B amostra buffalo e outras cepas virulentas

Rickettsia akari, R. australis, R. canada, R. conorii, R. montana, R. pro-

1

 Vide nota de rodapé p. 2326

wazekii, R. rickettsii, R. siberica, R. tsutsugamushi, R. typhi (R. mooseri)

Yersinia pestis

PARASITA

Nenhum

FUNGOS

Coccidioides immitis culturas esporuladas; solo contaminado

Histoplasma capsulatum, todos os tipos, inclusive a variedade duboisii

e variedade capsulatum

VÍRUS E PRÍONS

Arenavirus do Novo Mundo, incluindo vírus Flexal

1

, exceto os listados

na classe de risco 2 e 4

Arenavirus do Velho Mundo, incluindo vírus da coriomeningite linfocí-

tica (amostras neurotrópicas)

Flavivirus, incluindo vírus da encefalite da Austrália (encefalite do Vale

Murray), encefalite Japonesa B, Febre Amarela não vacinal, Powassan,

Rocio, Sal Vieja, San Perlita, Spondweni, exceto os listados na classe de

risco 2

Hantavirus, incluindo vírus Andes, Dobrava (Belgrado), Hantaan (febre

hemorrágica da Coréia), Juquitiba, Seoul, Sin Nombre e outras amostras

do grupo isoladas recentemente

Herpesvirus, incluindo Rhadinovirus (herpesvirus de Ateles e herpesvi-

rus de Saimiri)

Oncornavirus C e D

Príons, incluindo agentes de encefalopatias espongiformes transmissí-

veis: encefalopatia espongiforme bovina (BSE), scrapie e outras doenças

animais relacionadas, doença de Creutzfeldt-Jakob (CJD), insônia fami-

liar fatal, síndrome de Gerstmann-Straussler-Scheinker e Kuru

Retrovirus, incluindo os vírus da imunodefi  ciência humana (HIV-1 e

1

 Vide nota de rodapé p. 2327

HIV-2), vírus linfotrópico da célula T humana (HTLV-1 e HTLV-2) e vírus

da imunodefi  ciência de símios (SIV)

Togavirus vírus da encefalite eqüina venezuelana (exceto a amostra va-

cinal TC-83)

Vírus da Raiva amostras de rua (Lyssavirus)

2.4 Classe de Risco 4

AGENTES BACTERIANOS INCLUINDO RIQUÉTSIAS

Cowdria ruminatium (heart water)

FUNGOS

Nenhum

PARASITAS

Theileria annulata, T. bovis, T. hirci, T. parva e agentes relacionados

VÍRUS E MICOPLASMAS

Arenavirus agentes de febres hemorrágicas do Velho Mundo (Lassa) e

do Novo Mundo (Guanarito, Junin, Machupo, Sabiá, e outros vírus re-

lacionados)

Encefalites transmitidas por carrapatos (vírus da encefalite da Europa Cen-

tral com suas várias amostras, vírus da encefalite primavera-verão russa,

vírus da febre hemorrágica de Omsk, vírus da fl  oresta de Kyasanur)

Filovirus, incluindo vírus Marburg, Ebola e outros vírus relacionados

Herpesvirus do macaco (vírus B)

Nairovirus agente de febre hemorrágica (Criméia-Congo)

Varíola do camelo (camel-pox)

Varíola do macaco (monkey-pox)*/

1

1

 Vide nota de rodapé p. 2328

Varíola major e alastrim*

Vírus da aftosa com seus diversos tipos e variantes

Vírus da cólera suína*

Vírus da doença de Borna*

Vírus da doença de NewCastle (amostras asiáticas)*

Vírus da doença de Teschen*

Vírus da doença de Wesselbron*

Vírus da doença hemorrágica de coelhos

Vírus da doença Nairobi do carneiro e vírus relacionados como Ganjam

e Dugbe*

Vírus da doença vesicular do suíno*

Vírus da enterite viral de patos, gansos e cisnes

Vírus da febre catarral maligna de bovinos e cervos

Vírus da febre do vale do Rift*

Vírus da febre efêmera de bovinos*

Vírus da febre petequial infecciosa bovina*

Vírus da hepatite viral do pato tipos 1, 2 e 3

Vírus da infl  uenza A aviária (amostras de epizootias)*

Vírus da língua azul (bluetongue)

Vírus da lumpy skin

Vírus da peste aviária*

Vírus da peste bovina*

Vírus da peste dos pequenos ruminantes*

Vírus da peste eqüina africana*

Vírus da peste suína africana*

Vírus da peste suína clássica (amostra selvagem)*

Vírus do louping ill de ovinos*

Mycoplasma agalactiae (caprinos e ovinos)*

Mycoplasma mycoides mycoides (pleuropneumonia bovina)*29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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. Acesso em:

jun. 2004.

BRASIL. Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Instrução Normativa

n.º 7, de 06 de junho de 1997. Estabelece normas para o trabalho em

contenção com Organismos Geneticamente Modifi  cados - OGMs. Diário

Ofi  cial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 jun. 1997. Seção 3, n.133,

p. 11827-11833.

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CARDOSO, T. A. O.; NAVARRO, M. B. M. A. Emergencia de las enfermedades

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CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Classifi  cation  of

etiologic agents on basis of hazard. 4.

 

ed. Atlanta, 1974.30

______. Laboratory risk assessment what, why, and how: risk assessment in

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Disponível em: . Acesso

em: jun. 2004.

NAVARRO, M. B. M. A. et al. Doenças emergentes e reemergentes, saúde e

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sustentável: estreitando nós. Rio de Janeiro: Abrasco, 2002. p. 37-49.

ROCHA, S. S.; CARDOSO, T. A. O. Avaliação de risco em laboratório de

saúde pública. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004. Curso de Biossegurança para

Laboratórios de Saúde Pública, à distância, da Escola Nacional de Saúde

Pública Sérgio Arouca, Fiocruz.

SCHATZMAYR, H. G.; BORBA, C. M. Classifi  cação de agentes de infecções

humanas e animais, quanto ao seu risco biológico. In: ENCONTRO NACIONAL

DE COMISSÕES INTERNAS DE BIOSSEGURANÇA, 2., 2004, Rio de Janeiro.

Resumos... Brasília: MCT/CTNBio/Fiocruz, 2004. p. 43-48.31

GLOSSÁRIO

Agentes Biológicos – bactérias, fungos, vírus, clamídias, riquétsias, mi-

coplasmas, príons, parasitos, linhagens celulares e outros organismos.

Análise de Risco – é o processo de levantamento, avaliação, gerencia-

mento e comunicação dos riscos, considerando o processo de trabalho, a

possibilidade de escape no ambiente, o volume, a concentração e a classe

de risco do agente biológico a ser manipulado, a fi  m de implementar ações

destinadas à prevenção, ao controle, à redução ou eliminação dos mesmos

e à determinação do nível de biossegurança a ser adotado para o desenvol-

vimento de trabalhos em contenção com agentes biológicos e a sua comu-

nicação aos profi  ssionais envolvidos.

Biossegurança – é a condição de segurança alcançada por um con-

junto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos

inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal

e vegetal e o ambiente.

Classe de Risco – grau de risco associado ao agente biológico mani-

pulado.

Grande Escala – trabalho com agentes biológicos usando volumes su-

periores a 10 litros.

Material Biológico – todo material que contenha informação genética

e seja capaz de auto-reprodução ou de ser reproduzido em um sistema

biológico. Inclui os organismos cultiváveis e microorganismos (entre eles

bactérias, fungos fi  lamentosos, leveduras e protozoários), as células huma-

nas, animais e vegetais, as partes replicáveis destes organismos e células

(bibliotecas genômicas, plasmídeos, vírus e fragmentos de DNA clonado),

príons e os organismos ainda não cultivados. (Adaptado de: Working Party

on Biotechnology, Organização da Cooperação para o Desenvolvimento

Econômico – OCDE, fevereiro de 2001).

Nível de Biossegurança – grau de contenção necessário para permitir

o trabalho com agentes biológicos de forma segura para os seres humanos, 32

os animais e o ambiente. Consiste na combinação de práticas e técnicas de

laboratório, equipamentos de segurança e instalações laboratoriais.

Risco – é a probabilidade de ocorrência de efeitos adversos à saúde

humana, ao animal e ao ambiente.

Trabalho em Contenção – atividade com agentes biológicos patogê-

nicos ou potencialmente patogênicos em condições que não permitam seu

escape ou liberação para o ambiente, podendo ser realizada em pequena

ou grande escala.33

EQUIPE TÉCNICA

Elaboração:

Comissão de Biossegurança em Saúde (CBS)

Membros da Comissão de Biossegurança em Saúde 2002 – 2006:

Ana Maria Tapajós

Andréa Gonçalves Fujichima

Angélica Rogerio de Miranda Pontes

Beatriz Helena Tess

Beatriz Mac Dowell Soares

César Pinheiro Jacoby

Cíntia de Moraes Borba

Daniela Buosi

Dario Pinto Miranda

Flávia Cardoso de Melo

Flávio de Kruse Villas Boas

Flávio Pereira Nunes

Guilherme Franco Netto

Hermann Gonçalves Schatzmayr

Hoëck Áureo Souza Miranda

Irani Ribeiro de Moura

Ivens Lúcio do Amaral Drumond

Jacinta de Fátima Senna da Silva

João Alberto Dourado Quintaes

José Alberto Hermógenes de Souza

Joselito Pedrosa

Letícia Rodrigues da Silva34

Lúcia Fernandes Aleixo

Luiz Antônio Coelho

Marcela de Paula Mateus

Maria Adelaide Millington

Maria Aparecida Guerra

Maria Celeste Emerick

Maria das Graças Luderitz Hoeffel

Mário César Althoff

Moisés Goldbaum

Mônica Angelica Carreira Fragoso

Patrícia Melo dos Santos

Reinaldo Felippe Nery Guimarães

Rogério de Oliveira Queiroz

Salete Curci Barroca de Andréa

Sérgio Alexandre Gaudêncio

Sérgio Augusto Jábali Barretto

Silvio Valle Moreira

Simone Krüger Sabbag

Suzanne Jacob Serruya

Telma Abdalla de Oliveira Cardoso

Wladmary Mendonça de Azevedo

Revisão Técnica:

Angélica Rogerio de Miranda Pontes

Cristiano Valério Ribeiro

Flávio de Kruse Villas Boas

Mário César Althoff

Mônica Angélica Carreira Fragoso

Rutnéia de Paula Pessanha

Silvio Valle Moreira

Telma Abdalla de Oliveira Cardoso

Vanessa Guimarães MachadoEDITORA MS

Coordenação-Geral de Documentação e Informação/SAA/SE

MINISTÉRIO DA SAÚDE

(Normalização, revisão, editoração, impressão, acabamento e expedição)

SIA, trecho 4, lotes 540/610 – CEP: 71200-040

Telefone: (61) 3233-2020     Fax: (61) 3233-9558

E-mail: editora.ms@saude.gov.br

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Brasília – DF, novembro de 2006

OS 1156/2006

A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada

na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:

http://www.saude.gov.br/bvs

O conteúdo desta e de outras obras da Editora do Ministério da Saúde

pode ser acessado na página:

http://www.saude.gov.br/editora